Venezuela: produtores declaram estado de emergência agrícola
Os protestos contra o regime de Maduro deixaram 58 mortos e elevaram o número de presos políticos para 303
O conselho da Fedeagro (Confederação de Associações de Produtores Agropecuários) declarou nesta sexta-feira que a Venezuela se encontra em estado de emergência agroalimentar. O motivo é a escassez de insumos agrícolas (sementes, fertilizantes, herbicidas e inseticidas) e problemas com a produção, o que aprofundou a crise de abastecimento já existente.
“O ano agrícola está perdido. Até o momento nós deveríamos ter plantado 80% da área necessária para Barinas, Portuguesa, Cojedes, Lara e Yaracuy. No entanto, as associações destes estados não foram capazes de comprar nem 30% dos insumos necessários para atingir este objetivo (sementes, fertilizantes, herbicidas e inseticidas)”, diz o comunicado emitido pela confederação. Na Venezuela, a atividade agrícola é o vetor principal da economia de mais de dezesseis estados.
O problema da escassez de alimentos no país não é recente. Em abril deste ano, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) reconheceu a crise alimentar na Venezuela. A nacionalização da cadeia de produção e distribuição de alimentos, aliada ao controle de preços, impede que o problema seja solucionado.
Desde o dia 30 de março, quando o presidente decidiu suprimir os poderes da Assembleia Nacional, manifestações populares tomaram as ruas do país. Ao todo, 58 venezuelanos morreram nas mãos das forças de segurança de Maduro.
Segundo Alfredo Romero, diretor do Foro Penal Venezuelano, o número de presos políticos subiu para 303 – é o mais alto desde 1958.