Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Venezuela realiza eleições em clima de crise e abstenção

Nicolás Maduro deve sair vencedor mais uma vez, segundo pesquisas; países antecipam rejeição aos resultados

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 Maio 2018, 08h00 - Publicado em 20 Maio 2018, 08h00

A Venezuela realiza suas eleições presidenciais neste domingo (20) enfrentando hiperinflação e severa escassez de alimentos e remédios e em clima de protestos populares. Diferente de anos anteriores, os cidadãos se mostraram apáticos diante da campanha eleitoral, que pode ser marcada pelas altas taxas de abstenção.

A situação econômica está atada à crise social, que por sua vez surge após anos de decisões políticas dos líderes da revolução bolivariana que levaram à expropriação de empresas, à morte do aparelho produtivo e ao controle do câmbio desde 2003.

O atual presidente e candidato à reeleição, Nicolás Maduro, foi o primeiro a colocar a situação econômica como prioridade no seu discurso proselitista, embora os números da crise tenham piorado durante o seu governo de caráter ditatorial, que se iniciou em 2013.

Já a principal coalizão opositora no país, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), decidiu não apresentar candidatos por considerar que a eleição será uma fraude e pediu que o eleitorado se abstenha de votar.

Candidatos

Além de Maduro, concorrem o ex-governador da oposição Henri Falcón, o ex-pastor evangélico Javier Bertucci e o engenheiro Reinaldo Quijada, que praticamente não fez campanha.

Falcón, militar da reserva e dissidente chavista de 56 anos, decidiu contrariar a decisão da MUD e se inscrever com seu partido, o Avanço Progressista, no pleito. Agora, muitos o acusam de estar sendo usado por Maduro para legitimar o pleito. Surgiram denúncias, inclusive, de que o opositor estaria considerando se juntar ao governo chavista caso saía derrotado das eleições.

Pesquisas

As empresas que tradicionalmente estudam o comportamento do eleitor venezuelano concordam ao classificar como “atípico” o pleito que acontecerá e enxergam na abstenção um enigma que impede projeções categóricas sobre o resultado final. Porém, ao que tudo indica, Maduro deve sair vencedor mais uma vez.

Uma pesquisa realizada pela empresa International Consulting Services (ICS) calcula que o atual presidente deve receber 55,9% dos votos, frente a 24,4% de Falcón e 16,2% de Bertucci. Já o estudo realizado pela Consultores 30.11 indica que Maduro deve ganhar com uma margem menor, 48,4 % contra 36,3 % de Falcón.

Contrariando todas as outras previsões, a última pesquisa realizada pelo Instituto Datanálisis mostra o candidato oposicionista na primeira posição, com 7,1 pontos percentuais à frente de Maduro.

Dieta Maduro

Segundo cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação no ano de 2018 na Venezuela pode fechar em 14.000%. A última Pesquisa Nacional de Condições de Vida da População Venezuelana (Encovi), feita pelas principais universidades do país, revelou que a pobreza extrema aumentou de 23,6% para 61,2% em quatro anos, quase 10% entre 2016 e 2017.

Essa pesquisa também mostrou que em 80% das residências não se come de forma adequada. De acordo com o levantamento, 64% dos entrevistados respondeu ter perdido uma média de 11 quilos de peso corporal no último ano por não poder se alimentar adequadamente. Em Caracas, esse emagrecimento forçado é popularmente chamado de “dieta Maduro”.

Junto a esse cenário está a escassez de liquidez, o que gerou caos nos serviços pagos apenas em moeda física, como gasolina e transporte público, inclusive com o surgimento de uma forte máfia de vendedores que cobram o dobro do custo ou mais.

Maduro se exime de responsabilidades quanto às falhas – cada vez mais frequentes e duradouras – nos serviços de água, eletricidade e saneamento, dizendo que se tratam de “sabotagem” para que o povo reaja com protestos contra seu governo.

Continua após a publicidade

Rejeição internacional

O resultado das eleições terá que enfrentar o olhar vigilante de boa parte do mundo. Muitos países prometem não reconhecerão o resultado, por considerar que as eleições foram convocadas ilegalmente.

Diante da oposição do Parlamento Europeu, dos Estados Unidos e vários países latino-americanos, o novo presidente venezuelano – que, segundo as pesquisas, será mesmo Nicolás Maduro -, contará apenas com o apoio da Rússia, um dos seus principais parceiros econômicos, e da Aliança Bolivariana para os Povos da América (ALBA).

Desde o último dia 23 de janeiro, quando a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), controlada por Maduro, ordenou ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano que antecipasse as eleições do final do ano, diversos governos tacharam a decisão de unilateral e ilegal.

Continua após a publicidade

Esses governos não haviam reconhecido a ANC por acreditar que foi eleita e instalada de forma fraudulenta no ano passado. Desde esse momento, consideraram que todas as decisões do fórum chavista são ilegais.

(Com EFE)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 9,98 por revista)

a partir de 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.