Venezuela tem panelaços e protestos espontâneos após novo apagão
Os cortes de energia consecutivos ocorrem desde 7 de março e o presidente interino Juan Guaidó pediu aos seus apoiadores que saiam às ruas para protestar
O som de panelas irrompeu neste domingo em várias zonas de Caracas, em protesto contra os consecutivos apagões na Venezuela desde 7 de março, levando milhões de venezuelanos à angústia e ao desespero.
“Novamente um apagão nacional está afetando nossa qualidade de vida. Não temos água, não temos luz, não temos internet, não temos telefones, estamos incomunicáveis, chegamos à pior situação que poderíamos imaginar”, disse o advogado de 54 anos Joaquín Rodríguez, que participou de um protesto em Los Palos Grandes, zona abastada de Caracas.
Em alguns setores da capital, os protestos foram reprimidos pelos coletivos, como são conhecidos os civis armados chavistas que foram autorizados pelo presidente Nicolás Maduro a conter as manifestações.
“Há forte repressão de coletivos encapuzados com armas disparando contra a população”, afirmou um habitante de Cotiza, um setor popular de Caracas onde foram registradas manifestações espontâneas contra os apagões.
Mauricio Marcano, comerciante de 30 anos, também denunciou a presença de coletivos armados que reprimiam protestos no centro de Caracas, onde policiais bloquearam algumas ruas para contê-los.
Depois que um novo apagão afetou a capital e vários estados na noite de sábado, o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, reiterou que se tratava de outra sabotagem.
O governo “denuncia a infame e brutal perpetração de dois ataques programados e sincronizados contra o sistema elétrico nacional para obstruir de forma criminosa e homicida os imensos esforços do governo (…) para estabilizar o serviço de energia elétrica”, afirmou à televisão governamental.
“Que a comunidade internacional se dedique a nós, porque estamos morrendo, as pessoas estão morrendo nos hospitais, estão abandonando as crianças nas ruas porque não há alimentos, por favor, nos ajudem”, afirmou a manifestante Dina de Ornella.
No sábado, o opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino por cerca de 50 países, pediu aos seus apoiadores que saiam às ruas para protestar toda vez que houver falhas elétricas e de água, em grave escassez.
As interrupções elétricas completavam vários dias neste domingo em estados como Zulia, severamente afetado há uma década por racionamentos.
“Estamos há seis noites sem luz, estamos na era das cavernas”, afirmou Chiquinquirá Bermúdez, habitante de Los Puertos de Altagracia, próximo à capital Maracaibo.