Centenas de venezuelanos se reuniram, neste domingo, 28, para protestos em diferentes cidades Brasil afora, no intuito de apoiar o adversário do atual líder Nicolás Maduro, o diplomata Edmundo González Urrutia. Cerca de 21 milhões de eleitores irão às urnas neste domingo para decidir se dão fim a 25 anos de ditadura chavista, e a diáspora da Venezuela – 7,7 milhões de pessoas, ou um quarto da população – deve respaldar em peso a oposição.
O ex-embaixador González, representante da principal coalizão de oposição, é o grande favorito do pleito. O diplomata de 74 anos foi alçado a presidenciável depois que o regime declarou a inelegibilidade de María Corina Machado, vencedora das primárias da oposição, por supostas irregularidades administrativas, nunca comprovadas. Ambos são ligados à Plataforma Unitária Democrática, uma coalizão de onze partidos de centro e centro-direita que desafia o regime.
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Pesquisa divulgada pelo Instituto Delphos, na terça-feira 23, indicou que a coalizão de onze partidos que desafia o regime está 35 pontos à frente, com 60% das intenções de votos, e que a participação deve bater nos 80%. Restará ao presidente bolivariano, nesse cenário, duas opções: ou assume de vez o autoritarismo, ou admite que perdeu.
Manifestações no Brasil
O regime entra no pleito com muito desgaste, já que, sob o comando de Maduro, mergulhou a Venezuela numa profunda crise econômica. O presidente bolivariano tenta, mas não consegue esconder o que é evidente: a miséria de um país em colapso econômico, com queda de 80% do PIB na última década e cerca de 7,7 milhões de refugiados, segundo a ONU. No Índice de Liberdade de Imprensa da ONG Repórteres sem Fronteiras, a Venezuela está na 156ª posição entre 180 países.
Neste domingo, os venezuelanos que deixaram suas casas devido à crise e à repressão saíram às ruas em 34 cidades brasileiras, incluindo as principais capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus, Boa Vista, Curitiba e Florianópolis.
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Os maiores protestos ocorreram em São Paulo, onde centenas se reuniram em frente à estátua do herói venezuelano Francisco Miranda, na Avenida Paulista. Por lá, cantaram o hino do país e puxaram um coro com gritos de “liberdade”. As cores nacionais estavam estampadas em rostos, camisetas, bonés e cartazes com os dizeres “Voltaremos para casa” e “Venezuela Livre”.
Mais do que protestos, todas as passeatas deste dia pareciam gigantescas festas com música e alegria pelas chances de vitória de González. Também houve faixas de apoio à popularíssima María Corina, que mesmo inabilitada é um dos principais motivos por trás da mobilização da população.
Dificuldades na votação
No Brasil, há apenas uma seção eleitoral habilitada a registrar votos nestas eleições presidenciais, a da Embaixada da Venezuela, em Brasília.
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Porém, entre os mais de 500 mil venezuelanos que vivem no Brasil, apenas mil estão aptos a votar na eleição presidencial, segundo a Rede de Venezuelanos no Brasil (Redeven), que tem denunciado a supressão de direitos políticos da diáspora. Em escala mundial, apenas 69 mil dos 7,7 milhões que hoje vivem no exterior poderão votar neste domingo – muito menos do que no último pleito, quando 110 mil estavam habilitados.
Grupos de defesa dos eleitores apontaram problemas que vão desde consulados fechados até solicitações de documentos variados e, segundo eles, desnecessários – como comprovantes de residência permanente nos respectivos países onde vivem os refugiados.