As Forças Armadas da Dinamarca divulgaram nesta terça-feira, 27, um vídeo mostrando bolhas de gás subindo à superfície do Mar Báltico acima dos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2, que sofreram com um grande vazamento de gás.
A divulgação da filmagem aconteceu depois que a Suécia emitiu um alerta sobre vazamentos inexplicáveis nos dois principais gasodutos da região, obrigando o governo dinamarquês a restringir o transporte em um raio de cinco milhas náuticas (quase 10 quilômetros), porque os navios podem afundar se entrarem na área, e pode haver o risco de incêndio se o gás inflamar.
Se video og fotos af gaslækagerne på Nord Stream 1 og 2-gasledningerne i Østersøen på https://t.co/pj96CN7CDB: https://t.co/7bgt8TljaH #dkforsvar pic.twitter.com/I1zEPaBLYO
— Forsvaret (@forsvaretdk) September 27, 2022
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Especialistas ocidentais e o governo da Rússia, que construiu a rede, disseram que a possibilidade de sabotagem não pode ser descartada, ao mesmo tempo que o governo sueco já iniciou uma investigação preliminar para analisar o caso.
Ainda não está claro, no entanto, quem pode estar por trás de uma eventual sabotagem, uma vez que o gasoduto custou bilhões de dólares para ser construído pela Rússia e por parceiros europeus.
“Nós estabelecemos um relatório e a classificação do crime é sabotagem grosseira”, disse um porta-voz da polícia nacional sueca.
Ambos os oleodutos foram foco de uma espécie de guerra energética entre as capitais europeias e Moscou. A disputa impactou negativamente as principais economias ocidentais, elevou os preços do gás e provocou uma busca por fontes alternativas de energia.
Além da Suécia, o primeiro-ministro da Polônia afirmou que os vazamentos foram causados devido a um boicote, mas não apresentou evidências nem citou diretamente nenhuma nação.
“Vemos claramente que é um ato de sabotagem, relacionado ao próximo passo de escalada da situação na Ucrânia”, disse Mateusz Morawiecki na abertura de um novo oleoduto entre a Noruega e a Polônia.
Também sem provas, um funcionário do alto escalão ucraniano endossou o discurso de Morawiecki e disse que o incidente foi causado pelos russos para desestabilizar a Europa. O premiê da Dinamarca, por sua vez, foi mais contido, mas afirmou que a hipótese não pode ser descartada.
De acordo com o Centro Nacional de Sismologia da Suécia, sismólogos dinamarqueses e suecos registraram grandes explosões próximas dos vazamentos na última segunda-feira, 26. O centro de pesquisas alemão GFZ, que fica localizado em uma ilha na Dinamarca, também disse ter registrado dois picos de tremores no mesmo dia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a notícia “é muito preocupante e se trata de alguns danos de natureza pouco clara ao oleoduto na zona econômica da Dinamarca, o que afeta a segurança energética europeia”.
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Nenhum dos gasodutos estavam bombeando gás no momento do vazamento, mas os incidentes acabaram com qualquer expectativa da Europa de receber o produto via Nord Stream 1 antes do inverno.