Vieira detalha complexidade de ‘operação de grande vulto’ para repatriar brasileiros do Líbano
Operação Raízes do Cedro já concluiu dois voos, que trouxeram 456 pessoas e seis pets ao Brasil; nova aeronave deve decolar de Beirute nesta quarta
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, detalhou nesta quarta-feira, 9, a “operação de grande vulto” para repatriação de brasileiros que estão no Líbano. A Operação Raízes do Cedro, determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em função do conflito entre Israel e a milícia libanesa Hezbollah, que atua no Líbano, já concluiu dois voos, que trouxeram 456 pessoas e seis pets ao Brasil, e tem mais uma escala prevista para decolar de Beirute nesta quarta.
“Há um diálogo entre a embaixada e a comunidade brasileira. Um sistema de contato por e-mail, WhatsApp, grupos que reúnem os brasileiros na região. São cerca de 20.000 brasileiros que vivem em Beirute e nos arredores de outras cidades do Líbano — e um número grande manifestou interesse em voltar”, disse no programa Bom Dia, Ministro, realizado pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência.
Em torno de 7.000 brasileiros já demonstraram interesse em voltar ao Brasil e estão em contato com a embaixada brasileira em Beirute, a capital libanesa. A prioridade nas listas de resgate é para mulheres, crianças, idosos e brasileiros não residentes no Líbano.
O conflito já provocou mais de 1.200 mortes em Israel, 41.000 mortos na Palestina, cerca de 1,2 milhão de pessoas deslocadas e 2.000 mortes no Líbano. Dois brasileiros perderam a vida durante ataques israelenses ao Líbano, sendo eles Mirna Raef Nasser, de 16 anos, e Ali Kamal Abdallah, de 15, natural de Foz do Iguaçu.
O voo de repatriação, feito pela Força Aérea Brasileira em aeronave KC-30, conta ainda com uma tripulação formada por equipe com médicos, enfermeiros e psicólogos. Na chegada ao Brasil, servidores de uma equipe multiministerial atuam para acolher brasileiros e familiares na regularização de documentos, abrigamento e traslados internos.
“É uma operação de grande vulto. Será maior do que foi a operação na Palestina, na Faixa de Gaza, em Israel no ano passado, quando 1.560 pessoas, aproximadamente, foram resgatadas. Agora, as projeções e expectativas são maiores”, ressaltou Vieira.
O mesmo avião é usado ainda para enviar insumos. Na terça-feira, 491 quilos de medicamentos, envelopes para reidratação e seringas descartáveis foram enviadas, numa ação coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, em parceria com o Ministério da Saúde e o Ministério da Defesa. Além dessa carga, foram enviadas 7 toneladas de medicamentos arrecadados em iniciativa coordenada pelo Consulado-Geral do Líbano no Rio de Janeiro.
Perguntado sobre a posição do Brasil diante do conflito entre Israel e o Hezbollah, o ministro reforçou o compromisso do Brasil em manter a tradição diplomática de promover diálogo, mas criticou o que chamou de “reação desproporcional”.
“O Brasil tem sido muito vocal em condenar os atos de violência que levaram ao início desse conflito, com o ataque do Hamas a Israel há um ano, mas também tem criticado constantemente a reação desproporcional de Israel”, afirmou. “Disso ninguém sai ganhando. Só vai haver mais mortes, perdas humanas e de infraestrutura.”