Um especialista nomeado pelas Nações Unidas afirmou ao Conselho de Direitos Humanos nesta segunda-feira, 20, que autoridades do Irã cometeram violações nos meses recentes que podem representar crimes contra a humanidade, em uma lista que inclui assassinatos, desaparecimentos forçados, tortura e violência sexual.
O país tem sido alvo de grandes protestos desde a morte de Mahsa Amini, uma jovem iraniana curda detida pela polícia da moralidade em setembro do ano passado. Ela foi acusada de uso impróprio do hijab, véu de uso obrigatório pela lei islâmica, por deixar uma mecha de cabelo descoberta.
Ao conselho sediado em Genebra, Javaid Rehman, relator especial da ONU sobre o Irã, citou evidências de que Amini morreu “como resultado de agressões da polícia da moralidade”. O laudo da morte, feito por um legista do governo, afirma que a jovem morreu de problemas médicos pré-existentes, e não golpes à cabeça e membros.
Segundo o especialista, os crimes cometidos for forças do governo se encaixam como “crimes internacionais, notadamente os crimes contra a humanidade”. Em protestos desde a morte de Amini, cerca de 527 pessoas teriam sido assassinadas, incluindo 71 menores de idade.
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“Os menores libertados descreveram abusos sexuais, ameaças de estupro, açoites, uso de choques elétricos e como suas cabeças foram mantidas debaixo d’água, como foram suspensos pelos braços ou por lenços enrolados em seus pescoços”, disse o relator.
O embaixador iraniano na ONU, Ali Bahreini, disse à entidade que as acusações são falsas e que o seu país estava sendo alvo do Conselho de Direitos Humanos.
Em janeiro, um relatório da Anistia Internacional denunciou a suposta tortura de três jovens condenados à pena de morte no Irã. Segundo o documento, os homens tiveram um julgamento justo negado e foram vítimas de estupro e espancamento.