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Visita de Bolsonaro a Trump, em março, dará início a relação ‘simétrica’

Em Washington, chanceler Ernesto Aráujo adianta ser possível acordo de facilitação comercial e reitera oposição do Brasil a intervenção militar na Venezuela

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 7 fev 2019, 20h28 - Publicado em 7 fev 2019, 20h10

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quinta-feira, 7, que a visita do presidente Jair Bolsonaro a Washington deverá ocorrer no início da segunda quinzena de março e marcará uma “nova visão” para a relação bilateral, que se dará de forma “simétrica” e em patamar mais elevado.

“O Brasil não tem medo de se relacionar de igual para igual com os Estados Unidos. Não temos nada a temer ao travar uma relação simétrica porque o Brasil crê em si mesmo e buscará as melhores condições para projetar seus interesses”, afirmou o chanceler à imprensa, em Washington, ao finalizar sua visita a autoridades americanas para tratar da visita presidencial.

Araújo não soube dizer se será uma visita de Estado, mais protocolar, ou de trabalho, mas disse que “será marcante” e criará uma “relação mais profunda e produtiva” entre os dois países. Ele destacou que o encontro na Casa Branca entre Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, permitirá a ambos os governos trabalhar em ideias compartilhadas, como a negociação de um possível acordo de facilitação de comércio e a cooperação no combate ao crime organizado e na capacitação militar brasileira.

“Nós esperamos que algo substantivo seja anunciado na área comercial durante a visita. Não necessariamente um acordo de livre comércio, mas algo na linha da facilitação do comércio”, afirmou. “É preciso dar um salto qualitativo na relação bilateral, algo que tenha um componente de interconexão mais estratégico e que vá além das discussões sobre acesso a mercados. Vamos trabalhar nas áreas que identificarmos com uma visão mais ambiciosa e proativa”, completou Araújo.

Ajuda humanitária

Segundo Araújo, a afinidade entre Brasil e Estados Unidos na defesa da democracia e das liberdades fundamentais abre um campo para ambos os países trabalharem, como ficou evidenciado no tratamento da questão da Venezuela. O chanceler, entretanto, deixou claro que o Brasil não apoiará uma possível intervenção militar americano, que está ainda está entre as opções da Casa Branca, como o próprio Trump mencionou.

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O chanceler sublinhou que a solução pacífica, apoiada por meios políticos e diplomáticos, continuará a prevalecer na posição brasileira sobre a crise política da Venezuela. Destacou ainda que o apoio de Havana a Nicolás Maduro é uma equação importante para a manutenção do regime e terá de ser tratada. “Maduro não continuará no poder por mais tempo sem o apoio de Cuba”, afirmou.

Araújo acentuou ainda a necessidade de convencer a Rússia e outros países que apoiam o regime de Maduro sobre as condições de sofrimento da população venezuelana, como meio de sensibilizá-los para uma mudança de posição.

Em meio a bloqueios de Caracas ao ingresso de ajuda humanitária internacional pela fronteira com a Colômbia, Araújo informou que um grupo interministerial foi criado, sob a liderança da Casa Civil, para tratar de como enviar alimentos e remédios do Brasil aos venezuelanos. Do grupo participam o Itamaraty e os ministérios da Justiça, Defesa e Saúde. Ele salientou que os refugiados venezuelanos continuarão a ser bem-vindos e apoiados no Brasil.

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Jerusalém

Questionado sobre a mudança da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém, o ministro das Relações Exteriores disse que esta possibilidade está em consideração pelo governo. Seu tom foi menos contundente do que no passado, quando a mudança era tratada como questão de tempo pelo governo de Bolsonaro. Os ministros militares, entre outros, se opõem à proposta do presidente.

Araújo assinalou que a decisão final requer a análise de pontos positivos e também dos negativos, que exigem diálogo com os vizinhos de Israel. Em janeiro, a Arábia Saudita suspendeu suas importações de carne de aves do Brasil como sinal de sua contrariedade com a possível mudança, que representaria o reconhecimento brasileiro da soberania de israel sobre Jerusalém.

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