WhatsApp acusa Rússia de tentar bloquear aplicativo no país
Restrição a ligações coincide com avanço de plataforma estatal e maior controle do Kremlin sobre a internet

O WhatsApp acusou, na noite desta quarta-feira, 13, o governo russo de tentar impedir que mais de 100 milhões de usuários no país tenham acesso a “comunicações seguras”. A denúncia veio após a restrição de chamadas de voz no aplicativo e no Telegram. Mensagens de texto e áudios permanecem funcionando.
Moscou alega que as limitações respondem à recusa das plataformas em compartilhar dados com autoridades em investigações de fraude e terrorismo. “O WhatsApp é privado, criptografado de ponta a ponta e desafia as tentativas do governo de violar o direito das pessoas à comunicação segura, e é por isso que a Rússia está tentando bloqueá-lo”, afirmou a empresa, de propriedade da Meta, prometendo manter seus serviços criptografados no país.
A medida faz parte de uma ofensiva mais ampla para promover serviços nacionais e ampliar o controle estatal sobre a rede, estratégia que já levou ao bloqueio do Facebook e do Instagram, à redução da velocidade do YouTube e à aplicação de centenas de multas a empresas de tecnologia desde a invasão da Ucrânia, em 2022.
O governo russo incentiva agora a migração para o MAX, aplicativo de mensagens estatal integrado a serviços públicos, que críticos afirmam poder ser usado para monitorar cidadãos. Deputados e autoridades já aderiram à plataforma, instando seus seguidores a fazer o mesmo.
De acordo com a consultoria Mediascope, o WhatsApp tinha, em julho, alcance mensal de 97,3 milhões de usuários na Rússia, contra 90,8 milhões do Telegram e 17,9 milhões do VK Messenger, controlado pelo Estado.
Organizações de defesa digital alertam que a “degradação lenta” de serviços estrangeiros, como já ocorreu com o YouTube, busca esvaziar plataformas não alinhadas ao Kremlin. A Human Rights Watch afirma que Moscou “vem meticulosamente expandindo” leis e recursos tecnológicos para isolar e controlar a internet no país.