A polícia de Xangai, centro comercial da China, prendeu pelo menos seis pessoas que se fantasiaram para celebrar o Halloween neste fim de semana, em aparente tentativa de reprimir manifestações culturais estrangeiras e possíveis críticas ao governo.
Pelo menos seis pessoas que celebravam o Halloween no parque Zhongshan, na última sexta-feira 25, relataram terem sido levadas para delegacias, onde foram forçadas a remover a maquiagem e tirar as fantasias. Não ficou claro se a polícia mirava algum tipo específico de vestimenta.
Embora não tenha havido um anúncio formal de restrição à celebração ocidental do “Dia das Bruxas”, as ruas no centro de Xangai, onde aconteceram algumas das maiores festas na mesma data no ano passado, estavam repletas de viaturas e policiais abordando os foliões e verificando suas identidades, de acordo com vídeos e relatos de testemunhas.
A polícia também teria ameaçado cassar as licenças de estabelecimentos comerciais que promovessem eventos relacionados ao Halloween.
“É difícil para os jovens encontrarem coisas para rir hoje, então no Halloween eles querem rir e mostrar o que resta de sua criatividade e imaginação”, disse um jovem na rede social chinesa WeChat. “Mas até isso agora está gradualmente se tornando um luxo.”
Críticas ao governo
No ano passado, Xangai, conhecida como a cidade mais internacional e aberta da China, retomou a celebração do Halloween pela primeira vez após os lockdowns da Covid-19. Na época, alguns moradores viram na festa uma oportunidade de criticar e zombar do governo chinês e fenômenos políticos, se fantasiando de kits de teste para o vírus e câmeras de segurança.
A prefeitura da cidade chegou a elogiar a celebração do Halloween no ano passado como “um sinal de tolerância cultural”. “A recente celebração do Halloween em Xangai, com sua mistura única de tradições ocidentais e criatividade chinesa, ofereceu um vislumbre da paisagem cultural em evolução de uma cidade vibrante”, disse o governo em um comunicado no ano passado.
No entanto, as repressões deste ano parecem ser uma tentativa de evitar sátiras como as de 2023, apesar de poucas fantasias terem feito críticas políticas. A mídia estatal do país tem feito alertas cada vez mais veementes contra uma paixão “excessiva” por celebrações ocidentais, no contexto de uma reação nacionalista contra a influência estrangeira.
Em 2014, a polícia de Pequim anunciou que pessoas vestidas para o Halloween no metrô da cidade corriam risco de serem detidas, alegando que as fantasias poderiam provocar aglomerações e “problemas”.