O presidente da China, Xi Jinping, lembrou nesta sexta-feira (4) o bicentenário do nascimento de Karl Marx com uma cerimônia solene no Grande Palácio do Povo, onde elogiou as ideias do pensador alemão que, 200 anos depois, ainda regem teoricamente no atual regime comunista chinês.
“O marxismo, como um amanhecer espetacular, ilumina o caminho da humanidade na sua exploração das leis históricas e na busca da sua própria libertação”, afirmou Xi, em um discurso de 1h30 de duração, perante personalidades militares e civis do país, no plenário onde o regime celebra suas principais cerimônias.
Um enorme retrato do filósofo de Tréveris (oeste da Alemanha), nascido no dia 5 de maio de 1818, presidiu a cerimônia, no mesmo lugar que em outros grandes eventos do regime são geralmente colocados o escudo da República Popular ou a foice e o martelo que simbolizam o Partido Comunista da China.
“Duzentos anos depois, devido às enormes e profundas mudanças na sociedade humana, o nome de Karl Marx é ainda respeitado em todo o mundo e sua teoria ainda brilha com a luz brilhante da verdade”, afirmou o presidente da China, quem em seu discurso repassou várias passagens da vida do teórico político.
Xi, que promoveu em seus cinco primeiros anos de governo o estudo teórico do marxismo entre os líderes comunistas para alcançar certo “regresso às raízes”, não hesitou hoje em qualificar Marx como “o maior pensador dos tempos modernos” na sua qualidade de “professor da revolução do proletariado”.
O segundo centenário do nascimento de Marx foi comemorado na China com várias atividades que vão desde a organização de exposições à reedição por parte de editoriais estatais de clássicos marxistas como “O Capital” e “Manifesto Comunista”, este último escrito ao lado de seu compatriota Friedrich Engels.
O discurso de Xi aconteceu perto do final de uma blitz de propaganda política de uma semana, com talk shows dizendo “Marx estava certo” e desenhos sobre sua juventude rebelde, cuja meta foi mostrar que suas teorias continuam relevantes para a China moderna e a próxima geração.
Atualmente, a China, maior país do mundo a se identificar como socialista, exibe exteriormente todos os aspectos de uma sociedade capitalista moderna, do consumo desenfreado às diferenças acentuadas entre a elite urbana e os pobres do interior.
A suposta contradição entre a retórica partidária e a aparência tem levado muitos analistas a sugerirem que o partido não é mais motivado de fato pelo marxismo, mas coloca as preocupações práticas e econômicas acima de todo o resto.
(Com EFE e Reuters)