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Prorrogamos a Black: VEJA com preço absurdo

“Brasil é o país mais competitivo do mundo no e-commerce”, diz Fernando Yunes, presidente do Mercado Livre

O executivo fala em ampliar a liderança em meio à pressão dos gigantes asiáticos

Por Felipe Erlich Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 nov 2025, 13h52 - Publicado em 21 nov 2025, 06h00

Avaliado em 105 bilhões de dólares, mais do que qualquer outra empresa na América Latina, o Mercado Livre escalou um brasileiro para uma de suas posições mais estratégicas. O paulistano Fernando Yunes, 50 anos, acumula desde setembro a presidência da operação no Brasil com o comando do marketplace em toda a região. Apesar de assumir oficialmente a função apenas em janeiro, o executivo já está atuando com os demais países. Na prática, ele deixa de gerir apenas o maior mercado da companhia e passa a definir a política comercial e as diretrizes de crescimento do principal negócio do grupo nos países latino-americanos. Na entrevista exclusiva a seguir, a primeira que concedeu desde que assumiu o novo cargo, Yunes lembra que seu começo não se dará em terreno tranquilo. Ele pilotará a plataforma na Black Friday na próxima sexta, 28, que promete ser o maior dia de vendas da história do Mercado Livre. Yunes também fala sobre como o setor ganhou nova dimensão desde a pandemia, revela suas apostas para o futuro, que incluem o segmento de medicamentos, e analisa a concorrência com os asiáticos. Confira a seguir os principais trechos.

O senhor assumiu o comando do marketplace na América Latina às vésperas da Black Friday. Qual é o tamanho do desafio? O evento deverá significar o maior dia de vendas da história do Mercado Livre, tanto no Brasil quanto na América Latina. A expectativa está alta. Só em cupons de desconto, vamos movimentar 100 milhões de reais, um salto expressivo em relação aos 40 milhões de reais oferecidos no ano passado.

Quais deverão ser os produtos mais procurados na Black Friday? Fizemos uma pesquisa com 42 000 pessoas que indica que eletrodomésticos, eletrônicos e itens de casa e decoração serão as categorias mais procuradas nesta Black Friday. Quatro a cada dez consumidores gostariam de comprar um eletrodoméstico.

É possível comparar o perfil dos consumidores brasileiros com o de outros países? No México, outro grande mercado, os itens eletrodomésticos não têm tido a mesma procura, enquanto os produtos de moda e beleza se destacam mais do que no Brasil.

Quanto os brasileiros vão gastar na Black Friday? Nossa pesquisa mostrou que 28% dos respondentes pretendem gastar entre 1 000 e 2 000 reais. Outros 24% planejam gastar mais do que isso.

A enorme mobilização da concorrência para a Black Friday não é motivo de preocupação? O Brasil é único, o país mais competitivo do mundo em termos de e-commerce. Não existe nenhum outro lugar onde estejam, ao mesmo tempo, cinco grandes players asiáticos, além de Amazon e Mercado Livre. Temos também grandes market­places nacionais. Isso só acontece aqui. Inclusive, todos investem pesado no Brasil, porque estamos falando de uma população enorme e um mercado de consumo muito relevante. Ou seja, o desafio é imenso.

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“O Brasil é o país mais competitivo do mundo em termos de e-commerce. Não existe outro lugar onde estejam cinco grandes players asiáticos, além de Amazon e Mercado Livre”

Como essa competição pode beneficiar o consumidor? A logística tem sido central. Por ser líder do segmento, o Mercado Livre tem puxado um movimento por prazos de entrega mais curtos em todas as plataformas. Quem não reduz seus prazos perde espaço, simples assim. A velocidade, inclusive, aumenta o tamanho do mercado: quando a entrega leva cinco ou seis dias, a conversão de vendas é uma. Quando chega no mesmo dia ou no dia seguinte, vendem-se três ou quatro vezes mais.

O Brasil tem graves gargalos estruturais e seu crescimento econômico é fraco. Isso não é um entrave para o avanço do Mercado Livre no país? Acompanhamos o cenário macroeconômico, claro, mas nossos planos não são guiados por ele. São, na verdade, orientados pelo longo prazo, independentemente de qual é o governo. E estamos otimistas com o futuro. Para dar um exemplo, quando os juros subiram e chegaram a 15% ao ano, não mudamos nossos planos de investimento.

No início do ano, a empresa anunciou um total de 34 bilhões de reais para investimentos e despesas estratégicas no Brasil. Como e onde está sendo feito esse desembolso? A única coisa que posso dizer é que o valor final será maior do que o anunciado. Será bastante superior, portanto, aos 23 bilhões de reais que alocamos em 2024.

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Como o senhor avalia o efeito da taxa das blusinhas, que aumentou impostos sobre compras on-line do exterior? Do jeito que está hoje, o imposto cobrado das remessas estrangeiras ficou bem equalizado em relação ao que é cobrado dos vendedores brasileiros. Os nossos parceiros pagam um imposto considerável. Depois da mudança, notamos uma melhora nas vendas dos empreendedores nacionais que vendem na nossa plataforma. A avaliação é positiva.

É sabido que o Brasil tem problemas crônicos de informalidade e evasão fiscal. Com tanta facilidade para vender produtos on-line, como essas questões impactam o dia a dia da plataforma? Nós tomamos uma decisão muito ousada de banir 150 000 vendedores da plataforma por causa disso. Eles eram registrados como pessoas físicas, mas tinham fluxos de venda típicos de empresas e não queriam se regularizar para obter vantagens tributárias. O Mercado Livre não tem poder de polícia ou obrigação de fiscalizar esse tipo de coisa, mas decidimos abrir mão desses vendedores para fortalecer a confiança das pessoas no nosso site.

A pandemia de covid-19 impulsionou o e-commerce brasileiro. Como a mudança ocorrida naquele momento se refletiu na operação do Mercado Livre? Antes da pandemia, em 2019, nossa receita no Brasil, nos três primeiros trimestres do ano, foi de cerca de 1 bilhão de dólares. Em 2025, chegou a 10 bilhões de dólares no mesmo período. Ou seja, multiplicou por dez.

Em que medida esse crescimento é mérito da empresa ou se deve ao próprio avanço expressivo do mercado brasileiro? Ao mesmo tempo que o mercado cresceu, nós ganhamos participação. O e-commerce representava 5% do varejo brasileiro antes da pandemia e hoje está perto de 15%. Ou seja, o mercado triplicou, enquanto nossa receita multiplicou por dez.

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Até pouco tempo atrás, muitas pessoas tinham medo de fazer compras on-line, mas essa desconfiança ficou para trás. Até onde o comércio eletrônico pode chegar? A pandemia talvez tenha sido o impulso que faltava. Muitas pessoas ainda tinham receio, dúvida ou medo de comprar on-line. A conveniência venceu e virou hábito. O consumidor percebeu que não faz sentido enfrentar trânsito, estacionamento e a incerteza de não encontrar o produto numa loja física. Aconteceu comigo: fui comprar uma bola de vôlei para minha filha enquanto estava no shopping, gastei tempo, fui em duas lojas e, no fim, não tinham a bola em estoque. Hoje, tempo é escasso. Todo mundo está cada vez com menos tempo. Nós fazemos parte dessa nova realidade.

Que mudanças o comércio eletrônico provocou na economia brasileira? Um aspecto importante é o empreendedorismo. Vou dar um exemplo: um empreendedor no Piauí pode começar decidindo vender a própria bicicleta. A partir disso, ele tem acesso a 100 milhões de pessoas na América Latina que compram no Mercado Livre. Se usar a nossa logística, consegue entregar em 99% dos municípios brasileiros em um dia. Ou seja, o nível de serviço que só os grandes varejistas ofereciam no passado está hoje ao alcance do cidadão comum.

“Já vendemos medicamentos no México, na Argentina e no Chile. Na China, na Europa e nos EUA também é comum a venda em marketplaces. O Brasil ficou para trás”

Indo além dos pequenos e médios vendedores, qual é a relevância das grandes marcas de consumo para a plataforma? A nossa missão é oferecer a maior variedade de produtos possível. Vamos ativamente atrás de grandes marcas, porque sabemos que o consumidor é fiel a elas. No meu caso, eu tomo café Nespresso. Se acabar o café em casa, eu não vou comprar de outra marca porque sou fidelizado. Trazer esses nomes para perto reforça muito a força da plataforma e a confiança do consumidor.

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Hoje, nove a cada dez brasileiros têm acesso à internet e, portanto, ao e-commerce. Ainda há espaço para a plataforma crescer? Estimamos que a penetração do e-commerce está em torno de 15% do total de vendas do varejo e deve avançar para algo perto de 20% nos próximos anos. Mas não é um movimento rápido. Mesmo nos Estados Unidos, a penetração está em 22% ou 23%. Em alguns países da Europa e da Ásia, chega perto de 30%. Então, é difícil ir muito além disso. Mas o fato é que 15% ainda é um número baixo, que abre oportunidades.

O Mercado Livre já admitiu que pretende começar a vender medicamentos no marketplace, o que atualmente é proibido no Brasil. Como o senhor pretende fazer esse objetivo se tornar realidade? Estamos conversando com a Anvisa porque acreditamos que é o momento de modernizar a regulamentação. O Mercado Livre já vende medicamentos no México, na Argentina, no Chile e na Colômbia. Na China, na Europa e nos Estados Unidos também é comum a venda de medicamentos em marketplaces. Nesse ponto, o Brasil ficou para trás. Hoje, não podemos vender nem uma Novalgina, nem remédios que não exigem receita.

Quando a mudança regulatória poderá acontecer? Não sei exatamente quanto tempo pode levar, mas gostaria de ver uma definição no primeiro trimestre ou até a metade do ano que vem. Isso é importante porque 5% dos municípios brasileiros não têm farmácia, e 12% têm apenas uma, geralmente pequena e com estoque bastante limitado. Queremos democratizar o acesso à saúde.

Recentemente, o Mercado Livre comprou uma farmácia em São Paulo, algo incomum para o modelo de marketplace. Qual foi o objetivo desse movimento? Não queremos competir com as redes de farmácias, mas colaborar com elas. Compramos a farmácia para entender esse mercado. É um teste de um modelo que não está no DNA do Mercado Livre. Vamos aprender todas as exigências do setor: regulamentações, licenças, processos. Queremos entender o comportamento do cliente. É um setor muito regulado, e essa aquisição foi para entendermos suas peculiaridades.

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O Mercado Livre tem usado o nome Meli, inclusive no canal de streaming (Meli+) . O grupo seguirá se chamando Mercado Livre? Essa conversa existe no grupo de cofundadores e na liderança da empresa, mas o nome Mercado Livre é muito forte. De verdade, não sei dizer como vai ficar. Abrir mão do nome não é trivial. Não está no plano de curto prazo, mas talvez em algum momento possa acontecer.

Publicado em VEJA de 21 de novembro de 2025, edição nº 2971

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