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Justus diz que estaria ‘mais preparado’ que Huck para ser presidente

O apresentador de 'O Aprendiz' afirma que trocou a hipótese de chefiar o país pela missão de virar pai aos 64 anos

Por Eduardo F. Filho Atualizado em 4 jun 2024, 15h01 - Publicado em 24 jan 2020, 06h00

O paulistano Roberto Justus já era um publicitário bem-sucedido quando se converteu em celebridade nacional. Ele ganhou projeção na TV com a gincana corporativa O Aprendiz — desde 2004 apresentou nove temporadas da atração, que estreará sua próxima edição em 11 de maio, na Band. Quando não está na tela, Justus atrai atenção por sua vida amorosa movimentada: ex de beldades como Adriane Galisteu e Ticiane Pinheiro, já contabiliza quatro casamentos. Depois de sete anos com a influencer Ana Paula Siebert, ele recentemente anunciou uma novidade: aos 64 anos será pai pela quinta vez. Na entrevista, Justus fala dos desafios de colocar mais um rebento no mundo. E garante: a paternidade o fez desistir da tentação de — à maneira de Donald Trump, estrela da versão americana de O Aprendiz — concorrer à Presidência do país em 2022.

O senhor será pai pela quinta vez, de uma menina que se chamará Vicky. Não vê como desafio ser pai com mais de 60 anos? Com certeza. Eu serei pai aos 64 anos, quando meus netos estarão para completar 1 ano. A tia deles, portanto, será mais nova que eles. Eu me cuido muito, não bebo, não fumo, pratico exercícios. Meu médico diz que tenho saúde de um homem de 30 anos. Isso é importante quando você vai colocar uma criança no mundo a essa altura do campeonato. Fiz uma conta maluca: se eu viver até os 100 anos, minha bebê vai ter apenas 36 anos de idade. Perder o pai com 36 está bom, mas perder com 20 é horrível. Minha obrigação de me cuidar ficou ainda maior.

O senhor lida bem com a chegada da velhice? Idade é um estado de espírito. É claro que não me acho um velho. Eu me recuso a parar o carro na vaga de idoso. Agora, no avião, quando tem fila para entrar, aí vou na de idoso. Odeio ficar em fila. Acredito que a população está prolongando a juventude. Veja as mulheres de 50 anos: com todos os recursos estéticos e de saúde, elas ainda são muito interessantes. Antigamente, ao passar dos 50, eram velhas. Hoje, são umas gatas, dá para fazer alguma coisa.

Vicky será a última herdeira? Sim, não vou ter mais filhos. Estou estudando a possibilidade de fazer vasectomia agora. Eu tenho medo de ficar cortando fios aqui embaixo, né? Às vezes cortam um errado e aí para tudo. Na minha idade, dá medo de mexer. Estou pensando nisso e conversando com minha mulher (a influencer Ana Paula Siebert, trinta anos mais nova). Não quero mais deslizes.

“Uma embalagem bonita acaba com o tempo. Mesmo com sua independência, minha mulher precisa da força masculina. O ombrinho do homem dá uma proteçãozinha”

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O senhor terá cinco filhos com quatro mulheres, com as quais continua se dando bem. Qual é o segredo da convivência com as ex? Guarda compartilhada. Eu recomendo isso a todos os casais. Meus filhos enfrentaram separações, mas nunca viram os pais brigando. Eu sempre falo para os caras: não cospe no prato que já comeu (sic). Apesar da separação, essa mulher será sempre mãe do seu filho. Você, como homem, precisa respeitá-la. Outra coisa que me ajuda é a capacidade de persuasão. Desenvolver essa capacidade vai ajudar demais em todas as relações, desde a compra e a venda de bens e imóveis até decidir quem vai ficar com o filho. Eu tenho a capacidade de persuadir minhas ex quando preciso de alguma coisa delas.

O senhor se considera um mulherengo? Muita gente me pergunta isso. Ainda mais pela quantidade de mulheres que eu tive. Mas não vejo assim. Costumo brincar: quem gosta repete. Quando não estou mais apaixonado, eu prefiro ir embora. Foram quase dez anos com cada mulher, tirando a (Adriane) Galisteu, com quem fiquei oito meses. Aí houve uma falta total de compatibilidade. Foi o entusiasmo inicial de uma paixão que a gente teve e que depois não frutificou. Ela é uma mulher espetacular, mas não tem nada a ver comigo. Nós nos enganamos. Acontece com muitos casais, mas, tirando essa, as outras duraram praticamente uma década cada uma. No entanto, a partir do momento em que a relação esfria e percebo que a grama do vizinho está mais verdinha, eu vou pastar em outro lugar.

O que ensinaria a um casal que deseja manter acesa a paixão do início do relacionamento mesmo depois de anos? Um casal não pode perder duas coisas essenciais: a admiração e o respeito. É claro que atração física também é importante, mas, sem esses dois fatores, não existe relacionamento. E ambos precisam cultivar certa cerimônia no dia a dia. Não podem relaxar só porque se casaram. Eu tomo o maior cuidado: antes de dar um beijo de bom-dia, passo um enxaguante bucal. Na minha casa, nós temos banheiros separados, e é maravilhoso para a relação. Cada um tem sua intimidade. A mulher não pode esquecer de se arrumar quando o marido estiver chegando. Depois de casados, ela acha que não precisa mais, e aparece de bobes no cabelo, toda desleixada. Isso vai desgastando a relação.

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Sua atual mulher participou da primeira temporada de O Aprendiz, em 2009, e acabou demitida pelo senhor. Hoje, ela é uma influenciadora digital com mais de 1 milhão de seguidores. A demissão foi justa? Ela se transformou na mulher que é hoje por causa da demissão em O Aprendiz. Ana Paula ganha bem e é uma pessoa muito dinâmica. Gosta de trabalhar mesmo não precisando, em razão da minha condição financeira. Mas gosto que ela seja útil. Se não fosse, não daria certo. Uma embalagem bonita — e ela é muito bonita — acaba com o tempo. Mas, mesmo com sua independência, eu falo que ela precisa da força masculina. O ombrinho do homem dá uma proteçãozinha.

O que fez de diferente com a Ana Paula em relação a seus casamentos passados? Eu tenho uma personalidade forte, e me acho o dono da verdade e da razão. Quando a conheci, listei regras básicas que os dois precisariam seguir para o relacionamento dar certo. A primeira delas: eu não queria morar com ninguém. Desejava o ar-condicionado nos 18 graus e o controle remoto na minha mão. A segunda: não queria mais casar porque estava ficando ridículo, tinha até vergonha de convidar meus amigos para o casamento. A terceira: não aceitava mais cachorros. Cansei de xixi e cocô dentro de casa. E a quarta: não queria ter mais filhos. Ela aceitou e começamos a namorar. Hoje, sete anos depois, moramos juntos, casamos, estamos esperando uma filha e, adivinhe, temos duas fêmeas de shih-tzu dentro de casa. E sou apaixonado por elas. Já passamos sete anos juntos e me cuido para passar mais vinte. Tudo na vida é diminuir riscos e se proteger.

Como assim? Se você entrar em um avião velho, o risco de morrer nele será muito maior do que se tivesse entrado em um avião novo. Veja o caso do coitado do meu colega de emissora Ricardo Boechat (que morreu em fevereiro de 2019 num desastre aéreo). Ele entrou num helicóptero de 1975. É muito arriscado. Eu nunca morreria naquele helicóptero, pois não estaria a bordo. Perguntaria: qual é o helicóptero que vocês estão mandando para me buscar? Tem uma turbina? Não vou, só ando nos de duas turbinas. Tudo tem limite.

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Outro colega da TV, Gugu Liberato, morreu no fim do ano passado em decorrência de um acidente doméstico. Ele também não soube diminuir os riscos? Foi uma fatalidade idiota. Gugu não foi cuidadoso, ele não sabia onde era seguro pisar no sótão de sua casa e caiu. Eu, com certeza, chamaria alguém do próprio condomínio para subir. Ele foi mexer no ar-condicionado. Você acha que eu vou subir no forro de casa e mexer no ar-condicionado? Está cheio de técnicos para fazer isso. Quando qualquer coisa não funciona em casa, chamo alguém para arrumar. Existem homens e ferramentas certos para fazer esse trabalho braçal.

“Huck é um cara inteligente e é sério. Agora, se tem condição de tocar um país, não sei. Não acho que seja o perfil ideal. Quanto a mim, sou um pouco diferente, porque tenho experiência em gestão”

O Aprendiz ganhará mais uma temporada em breve. A baixa audiência da anterior não o faz temer um fiasco? A audiência foi menor do que a gente gostaria. Mas a repercussão nos meios digitais foi boa. O Aprendiz é um programa intelectual. As pessoas se inspiram e aprendem. Nunca deu audiência de programa popular, mas o que você prefere: 10 pontos em um programa como o do Ratinho ou 2 pontos num programa forte no nicho A e B, como o meu? Com todo o respeito, eu, empresário bem-sucedido, não sou público para ver o Ratinho.

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Como fazer TV na era da correção política? O mundo está muito chato. Não se pode mais falar nem fazer nada. O homem não pode mais paquerar uma mulher. Na minha época, quando a mulher passava em frente a uma construção e o cara assobiava, ela via como algo lisonjeiro. Hoje, dar uma cantada é assédio sexual.

O senhor apoiou a eleição de Jair Bolsonaro. Um ano depois, ainda está entre os empresários que acreditam no presidente? O empresário que olhar para este país no último ano e não perceber a diferença está cego. Eu não estou feliz com tudo, decepcionei-me bastante com atitudes e posturas do nosso presidente. Ele mostrou despreparo para o cargo em várias situações. O presidente da República tem de ter equilíbrio e energia. Adoro que ele seja enérgico, não tem problema nenhum. Se eu fosse presidente, também seria enérgico. Mas ele deve dar o exemplo, não perder tempo falando bobagens desnecessárias. Se o presidente tivesse falado menos, estaríamos em melhor situação. Mas ele está aprendendo.

Luciano Huck é apresentador de TV como o senhor e um dos nomes que despontam para a eleição de 2022. Ele daria um bom presidente? Huck é um cara inteligente e é sério. Agora, se tem condição de tocar um país, não sei. Não acho que seja o perfil ideal. Quanto a mim, sou um pouco diferente, porque tenho experiência em gestão. São mais de quarenta anos tocando e gerindo companhias, não deixa de ser parecido com a empresa Brasil. Nesse ponto, eu estaria mais preparado que Huck para assumir o cargo.

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Na última eleição, o senhor chegou a ser cotado e até namorou um partido para concorrer a presidente. Por que desistiu? Isso foi muito antes de se falar nos nomes do Bolsonaro e do Huck. Cheguei a participar de uma reunião em Brasília com um partido. Seus integrantes achavam interessante o fato de eu ser um outsider. Como o Donald Trump foi apresentador de O Aprendiz e virou presidente, pensavam que eu poderia repetir a façanha no Brasil. Fico lisonjeado, mas nunca achei que eu combinasse com a política. Vou ser sincero: se eu soubesse que daria para ser eleito só pelas redes sociais, sem o desgaste de uma campanha política, eu até teria pensado no assunto. Mas hoje não penso mais nisso. Agora serei pai, vou focar na minha família. Não posso ser presidente neste momento.

Publicado em VEJA de 29 de janeiro de 2020, edição nº 2671

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