A cobiça por uma vaga que não existe no Supremo Tribunal Federal
Movimentação para suceder o ministro Luís Roberto Barroso, que ainda tem quase uma década pela frente na Corte, seria estimulada pelo presidente Lula
Por razões ainda não muito bem explicadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem alimentado junto a advogados e autoridades de Brasília a possibilidade de indicá-las para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo ano. O posto, inexistente, seria aberto, na versão do petista, com uma suposta aposentadoria precoce do atual chefe da Corte, Luís Roberto Barroso.
Não é a primeira vez que especulações sobre o futuro de Barroso circundam aspirantes a ministro do STF. Desta vez, os consultados já se colocaram a postos para o cargo caso a cadeira seja de fato disponível em breve. Sob reserva, um dos interlocutores que ouviu de Lula a informação sobre a aposentadoria iminente concluiu que o presidente usa da hipótese, verídica ou não, para “seduzir” seus convivas, mantendo-os sob a perspectiva de um dia poderem ser indicados à mais alta Corte do país.
Dos 11 ministros do tribunal, Lula indicou quatro (Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Cristiano Zanin e Flávio Dino), Dilma Rousseff nomeou outros três (Luiz Fux, Edson Fachin e o próprio Barroso), Michel Temer escolheu Alexandre de Moraes, e Fernando Henrique Cardoso, Gilmar Mendes. O ex-presidente Jair Bolsonaro tem dois de sua escolha na formação atual — Kássio Nunes Marques e André Mendonça.
Até chegar à Presidência do STF, Barroso sempre negou rumores de que deixaria o cargo e atribuía as maledicências a candidatos que pretendiam se apresentar como pretendentes a sucedê-lo. Em entrevista a VEJA, porém, o magistrado admitiu que, de fato, pensou em abreviar sua carreira e deixar a corte assim que acabasse seu período na Presidência, em setembro de 2025.
O objetivo, disse Barroso na ocasião, era se dedicar à esposa Tereza Cristina Barroso, que se tratava de um câncer. Ela faleceu em janeiro de 2023. Pelas atuais regras, o ministro pode ficar no tribunal até março de 2033, quando completa 75 anos e será obrigado a se aposentar.