A estratégia de Ramagem para se aproximar de Paes na reta final de campanha
Candidato do PL vai intensificar associação com bolsonarismo e explorar pauta ideológica
O candidato do bolsonarismo no Rio, Alexandre Ramagem (PL), já definiu como pretende dar o sprint final nas últimas semanas de campanha, para encurtar a distância para o prefeito Eduardo Paes (PSD): colar ao máximo sua imagem na de Jair Bolsonaro e no círculo mais próximo de candidatos do ex-presidente. Tal associação tem sido intensificada nos últimos dias com atos nas ruas e vídeos nas redes sociais.
A ofensiva começou no último dia 13 de setembro, quando a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro esteve com Ramagem em ato voltado para o eleitorado feminino, na Barra da Tijuca. Dois dias depois, o candidato do PL foi às ruas de Copacabana ao lado do senador Flávio Bolsonaro e do vereador Carlos Bolsonaro, ambos filhos do ex-presidente. Jair, por sua vez, gravou vídeo curto publicado ontem nas redes do candidato do PL, que, nesta quinta-feira, 19, esteve em agenda de campanha no Centro do Rio ao lado do ex-ministro da Saúde e deputado federal Eduardo Pazuello.
A pesquisa Quaest mais recente, divulgada nesta quarta, mostrou que o movimento tem dado resultados: Ramagem avançou 5 pontos percentuais, puxado pelo crescimento entre eleitores homens, evangélicos, católicos e aqueles que votaram em Bolsonaro no passado. A vinda de seu padrinho político ao Rio na última semana de campanha, inclusive, é tratada como a “cartada final”, e a Zona Oeste da cidade é vista como o principal atalho para isso.
Os dados divulgados pelo levantamento, encomendado pela Globo, mostram que a diferença entre Ramagem e Paes ainda é grande. O prefeito caiu 7 pontos percentuais e agora está com 57% das intenções de voto, enquanto o candidato do PL, com o crescimento, chegou aos 18%. Chamam atenção, contudo, as informações segmentadas da pesquisa.
Se considerados apenas os eleitores que votaram em Bolsonaro em 2022, por exemplo, Ramagem registrou crescimento de 10 pontos (agora tem 39%), enquanto Paes caiu outros 10 pontos (registra 41%), o que indica uma transferência de votos do alcaide para o bolsonarista em relação à pesquisa anterior.
O cenário é parecido entre eleitores evangélicos, que nos últimos anos foram um dos pilares de votos de Jair Bolsonaro. Nesse segmento, Ramagem cresceu 7 pontos (de 18% para 25%), enquanto Paes teve queda de 9 pontos percentuais (de 54% para 45%). E entre o eleitorado masculino, o candidato do PL avançou de 17% para 23%. O prefeito, por sua vez, caiu de 60% para 55%. E entre os católicos, Ramagem subiu de 12% para 22%, enquanto Paes foi de 68% para 61%.
Já nesta quinta, o crescimento se repetiu no levantamento Datafolha. Ramagem subiu 6 pontos percentuais e foi a 17%, enquanto Paes manteve seu patamar, com 59%. A divulgação era esperada pelo núcleo duro do PL, na expectativa de que a boa notícia se confirmasse.
Rumo traçado
Na campanha de Ramagem, o crescimento foi visto como natural. O entendimento é de que o candidato do PL tem reduzido seu desconhecimento, ao mesmo tempo que os eleitores passam a entender que é ele o candidato de Bolsonaro. Para as próximas ações de campanha, o discurso seguirá sendo o de “estabelecer contrastes” entre ele e Eduardo Paes, atrelando à imagem do prefeito à rejeição do presidente Lula no Rio e explorando temas da pauta ideológica, como o aborto, a política de drogas e o antipetismo.
Bolsonaro, por sua vez, estará no estado do Rio de 1º a 6 de outubro, dia em que ocorre o primeiro turno da eleição. Nesse período, vai se dividir entre cidades-chave do interior fluminense e atos com Ramagem na capital. As agendas ainda não estão definidas, mas é certo que haverá novos atos na Zona Oeste carioca. A região, onde Paes costuma ter boa votação, também aglutina eleitorado que deu muitos votos a Jair Bolsonaro nas últimas eleições presidenciais.