O governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro (PL) fez chegar recentemente ao general Walter Braga Netto (PL), candidato derrotado a vice-presidente de Jair Bolsonaro em 2022, um dado que deve ser crucial, segundo correligionários, para convencer o militar a entrar de cabeça na disputa pela prefeitura carioca no próximo ano: uma pesquisa que mostra que a principal preocupação dos eleitores da cidade do Rio é a segurança pública. O tema – à frente de saúde e educação, por exemplo – é de domínio do general, que foi interventor em 2018, e passou a ser utilizado pelo PL, partido do qual Braga Netto é secretário de Relações Institucionais, para tentar sacramentar seu nome em uma disputa contra o atual prefeito Eduardo Paes (PSD).
Braga Netto ainda não deu a palavra final sobre o projeto eleitoral do próximo ano e sopesa dois fatores: a convicção de que o ex-presidente Jair Bolsonaro irá convocá-lo para a “missão” de enfrentar Paes depois que o ex-clã presidencial desistiu de lançar Flávio Bolsonaro ao posto e a ressalva da própria família, que não quer ver o militar em uma campanha frenética aos 66 anos.
Para o mandachuva do PL, Valdemar Costa Neto, caberá essencialmente a Bolsonaro a prerrogativa de escolher o nome da sigla para a disputa à prefeitura do Rio, situação que não se repete, por exemplo, em São Paulo, onde o partido resiste em dar legenda para que o deputado e ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles concorra ao Executivo municipal.
Entre interlocutores de Valdemar, caso Braga Netto tope a empreitada, há a avaliação de que Eduardo Paes pode sofrer de uma espécie de “efeito Dória”. Referência ao ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, João Dória, por esta tese Paes poderia perder parte da simpatia do eleitorado se mantiver ambições de concorrer ao governo do Rio em 2026. Para embarcar na corrida estadual, a legislação exige que ele abandone a prefeitura caso reeleito.