A mudança no olhar do mercado sobre a condução de Haddad na Fazenda
Pesquisa Quaest com fundos de investimento registrou crescimento de 39 pontos percentuais entre os que acham que o ministro tem feito um bom trabalho

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nada, neste momento, em um mar muito mais calmo que nos primeiros meses do ano, sob o olhar do mercado financeiro. E o comandante responsável por conduzir o navio à calmaria é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. É o que mostra pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira, 12, após 94 entrevistas com fundos de investimentos no Rio e em São Paulo, de 6 a de 10 de julho.
Na avaliação de seu governo, o petista viu uma redução de 42 pontos percentuais desde o último levantamento, entre aqueles que veem a condução como negativa: eram 86% e, agora, são 44%. A perspectiva positiva também melhorou, e saltou de 2% para 20%. Os entrevistados também entendem que a capacidade de o governo aprovar sua agenda no Congresso melhorou.
Cresceu ainda o percentual daqueles que acham que a política econômica do país está indo na direção certa. Esse grupo tem 47% (eram 10%), embora 53%, a maioria, ainda entenda que a economia praticada pelo governo não está no caminho certo. Ainda assim, esse percentual teve redução de 37 pontos percentuais, se comparado à última pesquisa. Para os próximos doze meses, o maior grupo, 53%, acha que o cenário econômico brasileiro vai melhorar, ante 21% que projetam uma piora. Outros 26% pensam que vai seguir do mesmo jeito.
A mudança brusca de humor do mercado em relação ao governo é traduzida em uma das perguntas: a avaliação do trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Questionados, 65% dos entrevistados disseram que a condução é positiva. Até então, apenas 26% aprovavam o trabalho de Haddad. Na outro ponta, 11% avaliam negativamente, percentual que antes era de 37% – ou seja, houve queda de 26 pontos.
A grande maioria – 87% –, contudo, achou correta a decisão do Banco Central de manter a atual Taxa Selic neste mês de julho. A redução do índice tem sido um dos principais pleitos de Lula e Haddad junto ao BC. O presidente, inclusive, disse que Roberto Campos Neto, que preside a instituição financeira, é “teimoso” e “tinhoso”, e projetou que os juros vão cair.
Tal previsão é unânime entre os entrevistados na pesquisa: 100% acreditam que a Selic cairá ainda neste ano e 92% acham que a redução acontece já na reunião do Copom de agosto. A avaliação de Campos Neto é positiva para 86%, enquanto 7% encaram como regular, e outros 7%, como negativa. Há “muita preocupação” de 71% com a futura indicação de Lula para a presidência do Banco central.
Reforma tributária
Aprovada na Câmara na última quinta-feira, com ampla maioria, a reforma tributária também foi vista como positiva para a maior parte dos entrevistados. 66% acham que, se passar pelo Congresso, a medida vai aumentar o bem-estar das pessoas. Em outro questionamento, 54% acham que a reforma vai diminuir a taxa de juros, e o grupo entende que os maiores impactos serão na diminuição da guerra fiscal entre os estados e em resultados do setor industrial.