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A provocação do GSI de Bolsonaro para o governo Lula

Imagens dos generais Golbery do Couto e Silva e Emílio Garrastazu Médici adornavam gabinete que hoje é ocupado pelo ministro Alexandre Padilha

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 fev 2023, 15h47

No quarto andar do Palácio do Planalto, dias antes dos atos golpistas de 8 de janeiro, integrantes do alto escalão do governo Lula encontraram em um gabinete, enfileirados lado a lado, Golbery do Couto e Silva, Emílio Garrastazu Médici, mais meia dúzia de militares e, no final, o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo de Jair Bolsonaro. O painel com fotos de todos os chefes do Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão criado na ditadura militar para espionar os opositores do governo, e de sua extensão no período democrático – primeiro a Casa Militar e depois o próprio GSI – foi interpretado como uma provocação pelo atual ocupante da sala, o ministro de Relações Institucionais Alexandre Padilha.

No mesmo espaço, mais ao lado, uma estante de parede inteira reunia, sob a gestão de Heleno, livros que analisavam estratégias para se combater o marxismo, um dos moinhos de vento, ao lado de uma suposta ameaça comunista, utilizados por apoiadores bolsonaristas para desqualificar adversários de esquerda.

Assim que tomou posse do local, antes ocupado pelo GSI, Padilha determinou que todos os objetos que fizessem referência aos anos de chumbo fossem retirados. Seu pai, o jornalista Anivaldo Padilha, foi preso e torturado pela ditadura militar e em 2012 recebeu indenização da Comissão da Anistia por ter sido vítima de episódios de violações de direitos humanos depois de golpe de 1964. Na época de sua indenização, o pai de Padilha enviou ao governo nomes de torturadores dos extintos Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e da Operação Bandeirantes (Oban) à Comissão da Verdade, colegiado considerado o ponto de ebulição na relação entre militares e administrações do PT.

Em 2012, durante o governo Dilma Rousseff, a comissão se propôs a investigar violações de direitos humanos no período da ditadura. O grupo de trabalho centrou a artilharia em notórios ídolos de Jair Bolsonaro, como o ex-comandante do Doi-Codi Carlos Alberto Brilhante Ustra e o ex-presidente Humberto Castelo Branco, e reavivou pressões para que a Lei da Anistia fosse revista. Sepultado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) dois anos antes, o tema ainda hoje é tratado como exemplo permanente do que a caserna interpreta como “revanchismo” dos civis.

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