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‘Acabe com isso e negocie com o MP’, pede filha do operador do PSDB

Priscila, filha de Paulo Preto, sugeriu que o pai fizesse delação premiada

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 27 fev 2019, 23h03 - Publicado em 27 fev 2019, 22h55

Quando estava cumprindo sua primeira temporada na prisão, abril de 2018, o ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, apontado pela Operação Lava Jato como suposto operador do PSDB, recebeu sugestão de sua própria filha, Priscila, para que fizesse delação premiada.

Em carta confiscada pelos investigadores na Operação Ad Infinitum – fase 60 da Lava Jato -, deflagrada dia 19, ela pediu a seu pai que negociasse com o Ministério Público. Na ocasião, Vieira de Souza estava preso em Tremembé, interior paulista, alvo de investigação da Procuradoria e da Polícia Federal por supostos desvios de R$ 7,7 milhões de programa de reassentamento do Rodoanel Trecho Sul, empreendimento de governos do PSDB.

Antes de ser solto pelo ministro Gilmar Mendes, o ex-diretor da Dersa construiu um diário na prisão, documento também apreendido pelos investigadores da Ad Infinitum, que põem Vieira de Souza no centro de um esquema de lavagem de R$ 130 milhões supostamente destinados a políticos e ex-diretores da Petrobrás.

“Acabe com isso, negocie com o MP, negocie sua soltura, o trancamento dos inquéritos e o que mais souber. Por favor, por favor, a minha mãe, minha irmã e eu não devemos mais entrar nisso”, diz a filha.

Priscila continua. “Estou exausta, pai, é muita porrada diariamente. Você é o maior ladrão deste país hoje e isso nos fere profundamente. Estou muito estressada”.

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Em seu diário de prisão, Paulo Vieira relata, “A Priscila demonstrou todo o seu descrédito na situação jurídica que estava ocorrendo e transparecendo a tristeza com a situação, me disse ter escrito em carta tanto ela, como também a Tatiana, sobre a possibilidade de fazer uma delação, podendo sair com maior rapidez da prisão injusta, porém real”.

Atualmente, Paulo Vieira de Souza vive sua terceira prisão, desta vez, na Operação Lava Jato em Curitiba – efetuada no dia 19 -, que o põe sob suspeita de lavagem de R$ 130 milhões em contas no exterior. Os valores teriam abastecido ex-diretores da Petrobrás e políticos. Um dos supostos beneficiários de cartões de crédito emitidos por estas contas é Aloysio Nunes, citado em documentos dos bancos suíços.

Paulo Vieira já arrolou o ex-ministro como sua testemunha de defesa, e afirmou, em entrevista, ser amigo do tucano. Para procuradores da força-tarefa, a partir de suas afirmações em diário “observa-se a proximidade com Aloysio Nunes Ferreira Filho, extrapolando o alegado empréstimo de recursos em 2007 noticiado na imprensa”.

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Defesa

Responsável pela defesa de Paulo Vieira de Souza, Santoro Advogados considera importante esclarecer:

1. É falsa a acusação segundo a qual o Ministério Público da Suíça investiga ou investigou possíveis ligações entre Paulo Vieira de Souza e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Portanto, carecem de fundamento probatório as referências de membros da Força Tarefa da Lava Jato, feitas com o único intuito de confundir e criar uma narrativa de condenação, a qual intoxica as redes sociais com o que se convencionou chamar de “fake news”.

2. O juízo da 5ª Vara Federal de São Paulo, assim como os representantes do MPF, sabem que as acusações não foram feitas pelos procuradores suíços, mas sim por Mércia Ferreira Gomes, ex-funcionária da DERSA (Desenvolvimento Rodoviário de São Paulo S.A.) e ré no processo que investiga desvios de recursos em Programa de Reassentamento do Rodoanel.

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3. O relatório da Procuradoria da Suíça cita as declarações prestadas por Mércia Ferreira Gomes, as quais jamais foram comprovadas pelo Ministério Público Federal de São Paulo, o Ministério Público Federal de Curitiba, a Polícia Federal ou o próprio Ministério Público da Suíça.

4. A falta de provas nesta acusação é evidente. Como também é evidente a falta de provas sobre a existência de um suposto bunker onde Paulo Vieira de Souza guardaria dinheiro, do qual ninguém conhece sequer o endereço.

5. Lamentavelmente vivemos uma distorção grave e perigosa quando os ilustres Procuradores, que deveriam estar empenhados cumprir a lei, agem como celebridades e colocam sua popularidade nas redes sociais acima da Constituição e do Estado de Direito.

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Em nota, o PSDB de São Paulo esclarece que “não é parte no processo em questão e não mantém qualquer tipo de vinculo com o sr. Paulo Vieira, jamais recebeu qualquer contrapartida de empresas nem autorizou terceiros a fazê-lo em seu nome. Os recursos recebidos pelo partido, em período eleitoral ou não, foram doados de maneira absolutamente legal e declarados à Justiça Eleitoral, respeitando a legislação vigente. A Executiva Nacional do PSDB não foi informada sobre os detalhes do caso, mas reitera seu apoio e confiança na justiça brasileira, em vista dos esclarecimentos prestados pelo ex-senador Aloysio Nunes”.

Aloysio negou ter recebido cartão de crédito da conta de Paulo Vieira de Souza.

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