O desembargador Leandro Paulsen, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), decidiu nesta sexta-feira autorizar que o advogado australiano Geoffrey Ronald Robertson, que defende o ex-presidente Lula no Conselho de Direitos Humanos da ONU, acompanhe a sessão do julgamento do petista no TRF4, no próximo dia 24. A 8ª Turma do tribunal decidirá se mantém a condenação de 9 anos e meio de prisão imposta ao ex-presidente pelo juiz federal Sergio Moro ou se o absolve.
“No caso do advogado Geoffrey Ronald Robertson, embora não esteja habilitado para representar o réu neste feito que tramita na Justiça Federal brasileira, restam claras sua legitimidade para o acompanhamento dos trabalhos e a pertinência da sua presença. Isso porque foi constituído para representar o réu perante a Organização das Nações Unidas em assunto relacionado, justamente, ao seu julgamento pela Justiça Federal brasileira”, decidiu Paulsen, presidente da 8ª Turma do TRF4.
O desembargador negou pedido da defesa de Lula para que uma tradutora acompanhasse Robertson dentro da sala de julgamento, alegando que o trabalho dela no local “causará movimentação e ruído que, inevitavelmente, dispersará a atenção dos presentes”. Leandro Paulsen determinou que o tribunal disponibilize uma sala à profissional, onde ela poderia acompanhar a sessão e se comunicar com o advogado por ponto eletrônico.
Integrante do Conselho da rainha britânica, Geoffrey Robertson representa Lula na ONU desde julho desde 2016, quando o petista acionou a entidade contra supostos abusos de Sergio Moro na condução do processo contra ele. “Está claro que o juiz Moro está sendo parcial. Ele tem feito um pré-julgamento atrás do outro. Um magistrado que se comporta assim está completamente desqualificado para julgar”, disse o advogado em uma audiência pública no Congresso, em agosto de 2017.
Em um jantar de apoio ao ex-presidente, em setembro, Robertson atacou também as declarações do presidente do TRF4, Carlos Eduardo Thompson, de que a sentença de Moro seria “irretocável” e “irrepreensível”, e disse que o julgamento no tribunal não será “imparcial”. “O mais ridículo é que o presidente do tribunal já basicamente prejulgou o Lula dizendo que a sentença do Moro é impecável. Fica nítido que o julgamento não é imparcial. É um aberração”, declarou.