Advogado que discutiu com Moro deixa defesa de Lula na Lava Jato
Juarez Cirino dos Santos e mais dois advogados renunciaram à defesa do ex-presidente no processo sobre o triplex do Guarujá; eles não revelaram o motivo
O advogado Juarez Cirino dos Santos enviou um comunicado ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância, informando que renunciava ao cargo de advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de Cirino, deixaram também a defesa do ex-presidente os advogados Jair Cirino dos Santos e June Cirino dos Santos e Jair Cirino dos Santos, irmão e filha de Juarez.
Os defensores não revelaram o motivo da iniciativa, mas destacaram o papel de Lula como “sindicalista, criador e dirigente do Partidos dos Trabalhadores“. Segundo a nota emitida por Cirino, os profissionais continuarão na defesa do petista por mais dez dias como manda o Estatuto do Advogado.
Cirino protagonizou episódios incômodos a Moro durante audiências da Lava Jato. Em dezembro do ano passado, o advogado discutiu com o juiz na audiência das testemunhas de acusação no processo envolvendo o apartamento tríplex no Guarujá, que supostamente seria do petista – ele nega.
Na ocasião, Santos protestou diante de uma pergunta do Ministério Público para a testemunha Marilza Marques, ex-funcionária da construtora OAS, responsável pelo edifício, e interrompeu o procurador três vezes. Moro advertiu o advogado informando que ele estava sendo “inconveniente”. “Doutor, o senhor está sendo inconveniente! Já foi indeferida sua questão, já está registrada e o senhor respeite o juízo!”, disse Moro.
Diante da insistência de Cirino, Moro voltou a interrompê-lo e alterou o tom de voz: “O senhor respeite, o senhor respeite o juízo!” O advogado, em outra audiência, classificou as perguntas de Moro como as “de um inquisidor, não de um juiz”.
Além do processo sobre o tríplex, Cirino atuava na defesa de Lula em outra ação, a que apura o aluguel de um apartamento vizinho ao que o petista mora em São Bernardo do Campo e a compra de um terreno em São Paulo para a sede do Instituto Lula – nos dois casos, a construtora Odebrecht teria atuado para beneficiar o ex-presidente. Lula diz que paga o aluguel do apartamento vizinho e que o terreno nunca foi usado pelo Instituto Lula.