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Aeronáutica: mau tempo e erro do piloto derrubaram avião de Teori

Investigação descarta sabotagem em acidente que matou o ministro do STF e outras quatro pessoas; ‘não houve qualquer interferência ilícita’, diz coronel

Por Redação Atualizado em 23 jan 2018, 16h08 - Publicado em 22 jan 2018, 21h19

Desorientação espacial do piloto por causa da atuação da gravidade na forte curva feita em uma manobra no momento do choque e as condições meteorológicas adversas foram os dois fatores que levaram ao acidente que matou o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF) em Paraty, litoral do Rio de Janeiro, em 19 de janeiro do ano passado – além do magistrado, morreram mais quatro pessoas.

A conclusão sobre as causas do acidente foi revelada nesta segunda-feira pelo coronel Marcelo Moreno, responsável pela apuração conduzida pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado ao Comando da Aeronáutica. De acordo com ele, não houve qualquer indício de sabotagem da aeronave, como chegou a ser especulado. “Em casos de indício de crime, o Cenipa interrompe a investigação e repassa as informações à Polícia Federal”, informou, acrescentando que “os elementos da investigação não sustentaram indício de interferência ilícita”. Ele disse ainda que a PF chegou à mesma conclusão.

Segundo o coronel, o piloto desligou o GPWS durante o primeiro procedimento de descida, o que contraria a recomendação do fabricante. Este desligamento do aviso sonoro impediu que ele tivesse outro alerta de sua baixa altura no momento da segunda tentativa de pouso, quando o avião se chocou com a água.

Ao falar das características do piloto, que era considerado “muito experiente” e uma “referência” na região pelo número de pousos e decolagens realizados com sucesso na área, o coronel disse que “a familiarização com a região pode ter conferido confiança mais elevada ao piloto na hora do pouso”. Segundo ele, também “é possível que, ao longo de sua trajetória profissional, o piloto tenha desenvolvido comportamentos de pressão autoimposta”. Esse tipo de pressão, de acordo com o militar, foi relatado por vários outros pilotos que voam na região, que se viam obrigados a realizar viagens e a fazer pousos e decolagens, mesmo em condições adversas de clima.

Condições climáticas

Sobre as condições climáticas, o relatório final informou que, quando o piloto decolou do Campo de Marte, em São Paulo, às 13h01, já havia indicações de que as condições climáticas, apesar de boas naquele momento, poderiam piorar. O coronel lembrou que o aeroporto de Paraty não permite pouso por instrumentos e que “é obrigação dos pilotos, ao se depararem com tempo ruim, verificarem as condições do tempo disponíveis no sistema e respeitar os níveis meteorológicos estabelecidos”.

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, morto em acidente no litoral do Rio de Janeiro no ano passado (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A visibilidade no momento do impacto era de 1.500 metros, muito abaixo da regra, que é de 5 mil metros. “No momento do acidente, não havia condições mínimas de visibilidade no aeroporto de Paraty e o campo visual do piloto estava restrito.” Por conta do acidente, a Força Aérea Brasileira (FAB) emitiu duas recomendações à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac): 1) divulgar os ensinamento do acidente, para que haja “fomento a uma cultura da avião executiva de que requisitos mínimos de operação sejam valorizados” e 2: que sejam revisados “requisitos existentes, a fim de enfatizar, durante formação do piloto, as características e os riscos decorrentes das ilusões e desorientação espacial para a atividade aérea”.

O piloto fez duas tentativas de pouso – na segunda, bateu com a asa direita na água,  provocando o acidente com morte de todos por traumatismo craniano. Quando fez a primeira arremetida, para esperar a melhoria das condições climáticas, o piloto deveria ter esperado quatro minutos para repetir o prosseguimento, se respeitasse o procedimento padrão. No entanto, ele não seguiu também esta recomendação e tentou novo pouso, que resultou na tragédia, 2 minutos e 10 segundos depois.

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