O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, defendeu Laurence Casagrande Lourenço, ex-diretor da Dersa e ex-secretário de Transportes durante sua gestão em São Paulo, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira.
Laurence foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de fraude à licitação, associação criminosa e falsidade ideológica. O ex-governador defendeu as investigações, mas disse que considerar o ex-diretor, que atualmente está preso, uma “pessoa correta”.
“Tem uma denúncia e o importante é investigar rápido. Agora, eu acredito que o Laurence é uma pessoa correta e pode estar sendo vítima de uma grande injustiça”, afirmou Alckmin aos entrevistadores do programa.
Preso desde o início de julho, Laurence foi indiciado juntamente com outros onze alvos da Operação Pedra no Caminho, que investiga desvios de 600 milhões de reais no trecho norte das obras do Rodoanel.. Diferentemente de outros setores da obra, esse trecho foi inteiramente tocado pela gestão Alckmin.
A representação da PF que deu origem ao inquérito não cita nominalmente o ex-governador Geraldo Alckmin, mas faz uma correlação entre fatos que podem indicar a proximidade entre ele e o ex-presidente da Dersa: a nomeação de Laurence Casagrande Lourenço como secretário estadual de Logística e Transportes do governo do tucano teria ocorrido exatamente no mesmo dia em que o Tribunal de Contas da União (TCU) fazia uma ação de coleta de dados na estatal.
O resultado, segundo o delegado João Luiz Moraes Rosa, foi que o novo secretário ganhou foro privilegiado no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) e as investigações foram atrasadas.
“Nesse interregno, mais precisamente na data de 03/05/2017, quando os técnicos do TCU realizavam trabalhos de coleta de dados, muito provavelmente in loco, ou seja, nas dependências da própria Dersa, houve a nomeação do então diretor-presidente da estatal, Laurence Casagrande Lourenço, para o cargo de secretário de Estado de Logística e Transportes”, diz o delegado Moraes Rosa.
Defesa
Procurado por VEJA, Alckmin se manifestou por meio de nota, afirmando “que todas as informações solicitadas foram prestadas pela Dersa ao TCU, que ainda não julgou o caso”. “O presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, reitera seu total apoio às investigações. Se houve desvio, Alckmin defende punição exemplar. Caso contrário, que o direito de defesa prevaleça”, diz o texto. O ex-governador não é investigado na operação.
Por meio de nota, a Dersa informou que “juntamente com o governo do estado é a maior interessada na elucidação do caso. Havendo qualquer eventual prejuízo ao Erário público, o estado adotará as medidas cabíveis, como já agiu em outras ocasiões”.