O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse nesta quarta-feira que deixar a escolha do candidato à Presidência da República pelo partido para abril ou maio é “fazer política de improviso” e afirmou que pesquisa eleitoral “não é parâmetro” para a escolha do presidenciável. A declaração foi dada um dia após a divulgação da pesquisa CNT/MDA, que mostra o governador com intenção de voto menor que a de seu afilhado político, o prefeito João Doria (PSDB).
“Se tivermos dois candidatos, podemos marcar prévias para o comecinho do ano. Não precisa ser decidido nada agora, mas não defendo deixar nada para a última hora. Tudo o que é improvisado é mal feito. Aliás, no Brasil precisamos parar com a improvisação, inclusive na política”, afirmou o governador em evento do Prêmio Excelência em Competitividade, realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP).
O calendário tucano até agora prevê que o candidato ao Palácio do Planalto seja definido até dezembro. A escolha até o fim do ano pode favorecer o governador, mas não é consenso dentro da legenda. Tucanos entusiastas da candidatura de Doria à Presidência avaliam que, quando mais tempo passar, melhor ficará a situação do prefeito nas pesquisas, o que ajudaria a impor a sua candidatura dentro da legenda.
Segundo o levantamento, divulgado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Alckmin tem 9,4% das intenções de voto contra 8,7% de Doria. Na pesquisa espontânea, quando os nomes dos candidatos não são apresentados ao entrevistado, o prefeito tem 2,4% das intenções contra 1,2% do governador.
O governador justificou o fato de ambos estarem bem próximos no levantamento dizendo que não tem feito tantas viagens pelo país. “Também não tenho viajado tanto”, disse, numa declaração que pareceu uma alfinetada em Doria, investigado pelo Ministério Público por suas viagens nacionais e internacionais.
Embate
Na contramão do que tem dito Doria, que levanta a ideia de que o PSDB considere as pesquisas eleitorais para a escolha do candidato, Alckmin diz que os levantamentos eleitorais não devem ser padrão para a escolha. “Este não deve ser o parâmetro. Se fosse escolher por pesquisa, o segundo turno em São Paulo [para a prefeitura] teria sido entre Celso Russomano e Marta Suplicy”, disse. O governador disse, no entanto, ter achado “ótima” a pesquisa. “Estamos praticamente empatados. E eu não disputei eleição no ano passado. A última que disputei foi em 2014 e eleição para governador fica sempre escondida por causa da eleição para presidente”, afirmou.
“Precisamos planejar as coisas. O país é um país continental. Quem for escolhido candidato, vai ter de fazer alianças, discutir um grande projeto para o Brasil com a sociedade, viajar pelos vários Brasis. Por isso, tenho defendido, que não se pode deixar para lá na frente, na última hora”, finalizou o governador, para defender que a escolha do candidato a presidente seja feita até dezembro.
(Com Estadão Conteúdo)