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Aliados de Bolsonaro temem procurar Alexandre em nome do ex-presidente

Depois de sucessivas tentativas infrutíferas, emissários do ex-presidente não querem levar promessas inexequíveis e se indispor com o ministro do STF

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 jun 2024, 11h43 - Publicado em 23 jun 2024, 11h38
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  • Não é de hoje que, a depender do nível de esgarçamento nas relações entre Jair Bolsonaro e o Judiciário, aliados do ex-presidente batem à porta do ministro Alexandre de Moraes com promessas de moderação. Declarado inelegível e com investigações que, comandadas pelo juiz do Supremo Tribunal Federal (STF), podem levá-lo para a cadeia, o ex-mandatário tem tido cada vez mais dificuldade de encontrar interlocutores que ainda se mantêm dispostos a encaminhar promessas de contenção ao ministro do STF. O motivo, resumiram alguns deles a VEJA, é que o próprio ex-presidente rompe o prometido imediatamente depois do combinado, desgastando o emissário junto a Alexandre.

    Alçado à condição de inimigo número um do bolsonarismo, Alexandre de Moraes tem sua própria lista de aliados do ex-presidente – os ex-ministros Paulo Guedes (Economia) e Bruno Bianco (Advocacia-geral da União), por exemplo – que procuraram integrantes do tribunal com propostas variadas que depois caíram em descrédito. “Uma coisa é conversar e chegar a uma conclusão. Outra é inventar [que Bolsonaro iria se moderar] na cara dura. Por que no final do mandato o presidente queria ficar amigo de todo mundo?”, afirmou certa vez o ministro do STF após uma rodada de incursões de aliados do ex-mandatário ao tribunal.

    O movimento de bolsonaristas ganhou corpo em duas épocas principais, às vésperas das eleições de 2022 e na iminência do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que puniria o capitão com oito anos de inelegibilidade. Aliados de primeira hora do ex-presidente, no entanto, consideram que uma nova tentativa deve ser feita perto das eleições de 2026.

    Da inelegibilidade para cá a lista de aliados de Jair Bolsonaro que ainda se propõem a procurar Alexandre de Moraes está cada vez menor. No rol dos que se recusam a pedir audiência com o magistrado para apresentar demandas do ex-presidente estão advogados, parlamentares aliados com menor carga ideológica e dirigentes partidários que marcharam com o capitão nas eleições de 2022.

    A ideia original de bolsonaristas de manter interlocução com Supremo tinha como pano de fundo a possibilidade de, a depender dos ventos da política, haver espaço para que o ex-presidente pudesse voltar ao jogo eleitoral. O cenário é altamente improvável – precisaria que fossem derrubadas as decisões que decretaram sua inelegibilidade e que não houvesse condenação colegiada na esfera penal – mas interlocutores mais fiéis ao ex-mandatário lembram, com a simetria que lhes é conveniente, que Lula foi dado como morto politicamente após condenações a mais de 25 anos de cadeia na Lava-Jato e depois voltou a ganhar uma disputa presidencial.

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    O momento mais tenso da relação

    A interlocutores, Alexandre de Moraes resume como foi um dos momentos mais tensos da relação entre ele e Bolsonaro e o motivo pelo qual nunca acreditou na possibilidade de apaziguamento. Um dia depois das comemorações do Dia da Independência em 2021, quando o então presidente chamou o ministro de “canalha”, o ex-presidente e o magistrado conversaram por telefone.

    Duas testemunhas presenciaram a conversa, que, segundo relatos, se deu nos seguintes termos: “Ministro, vamos parar de brigar? Posso te chamar de Alexandre? Eu tinha prometido que não ia falar nada [contra o STF] mas estavam xingando e eu me animei”, disse Bolsonaro na conversa. O juiz do Supremo retrucou: “Não se anime mais, presidente. Eu não estou brigando com o senhor. Foi o senhor quem me chamou de canalha”.

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