Aliados mais próximos do presidente da República iniciaram uma operação para que Jair Bolsonaro se afaste o mais rápido possível do advogado Frederick Wassef. Desde quinta-feira, quando foi descoberto que o ex-policial Fabrício Queiroz, investigado no caso da rachadinha, estava morando em um escritório de advocacia de Wassef, em Atibaia, Bolsonaro vem sendo aconselhado a revogar as procurações para que o advogado atue em seu nome e também para que o tire da defesa de Flávio Bolsonaro, alvo de investigação no esquema de repasse de dinheiro público de funcionários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro enquanto era deputado estadual.
O esforço visa impor uma linha divisória entre os trabalhos prestados por Wassef ao filho Flávio Bolsonaro e a sua relação com o presidente. Não será uma tarefa simples. Apesar de a advogada de Bolsonaro, Karina Kufa, ter dito que todas as ações que envolvem o presidente – sejam elas nas esferas cíveis, criminais ou eleitorais – estarem sob responsabilidade de sua banca, o próprio Bolsonaro já afirmou algumas vezes que Wassef era seu advogado. “Estou no dia a dia aqui com o presidente e com a família Bolsonaro. Conheço tudo que tramita na família”, também disse Wassef em recente entrevista à rádio Gaúcha.
Nos bastidores, é dito que Bolsonaro, desde antes de o abrigo a Queiroz vir à tona, já tinha sido alertado que o advogado não era um homem de confiança e que recorria a métodos controversos em suas causas. Um dos exemplos citados se deu no caso Adélio Bispo, quando o defensor surgiu com uma suposta nova testemunha do ataque ao presidente para reforçar a tese de que o ex-garçom não agira sozinho. A Polícia Federal, no entanto, já tinha ouvido tal testemunha e rechaçado as acusações. Apesar dos alertas que teriam sido feitos, fica claro que o presidente não deu ouvido a eles. Wassef tinha livre acesso ao centro do poder e até quinta-feira circulava com frequência nos palácios do Planalto e da Alvorada.
Também foram levadas ao presidente reportagens antigas e que voltaram a circular nas redes sociais que vinculam o advogado a uma seita de bruxaria. O caso, que foi investigado e acabou arquivado, veio à tona na década de 1990, e foi resgatado agora para reforçar o trabalho de convencimento para que Bolsonaro mantenha distância de Wassef.
Aliados do presidente espalham a versão de que ele e Flavio não tinham conhecimento de que Wassef estava em contato com Queiroz, em um esforço para descolar a família de qualquer ação do advogado. Conforme mostrou a coluna Radar, um dos nomes cotados para assumir o lugar de Wassef é o do jurista Nabor Bulhões, que atuou no caso PC Farias-Collor.
Em entrevistas neste sábado à CNN Brasil e à Folha, Wassef negou as acusações, disse que nunca teve contato com Queiroz e que o que surgir contra ele é “uma fraude”.