Ao Jornal Nacional, Ciro defende aliados e fim de polarização política
Candidato do PDT afirmou que tem 'confiança cega' em Carlos Lupi e que Katia Abreu o 'complementa'; ele pediu fim de briga entre petistas e tucanos
Em entrevista ao Jornal Nacional nesta segunda-feira, 27, o candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, defendeu o fim da polarização política no Brasil esgarçada após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), entre tucanos e petistas, e propôs uma “reunião da nação” em torno de um projeto desenvolvimentista.
O ex-ministro de Lula e ex-governador do Ceará foi o primeiro presidenciável ouvido pelo programa jornalístico da Globo numa rodada de entrevistas que vai até quinta-feira.
No primeiro terço do programa, que inicialmente havia sido planejado para durar 25 minutos com uma entrevista e um minuto extra para o candidato dizer que Brasil ele desejava para o futuro –mas que ultrapassou os 27 minutos–, Ciro foi confrontado pelos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos com perguntas sobre a Lava Jato e a corrupção.
Ele voltou a afirmar que considera a operação “desequilibrada”, por não ter nenhum político do PSDB preso embora existam demonstrações de envolvimento de tucanos em irregularidades, e reafirmou sua ideia de devolver o Ministério Público para sua “caixinha”. Segundo ele, há abusos, principalmente contra prefeitos, e “destruição de reputações sem consequência”.
Defesa de aliados
O candidato do PDT também foi questionado sobre dois aliados: o presidente de seu partido, Carlos Lupi, e sua vice na chapa para presidente: a senadora Katia Abreu (PDT).
Sobre Lupi, Bonner afirmou que pesam denúncias de corrupção contra ele, como a suspeita de ter recebido 100.000 reais em mesadas, segundo afirmou um delator investigado pela Lava Jato, e o fato de ser réu por improbidade administrativa no Distrito Federal. Ciro afirmou que possui “confiança cega” em Lupi e negou que ele seja réu, o que forçou Bonner a voltar ao assunto ao final do programa para citar o número do processo que corre na Sexta Vara federal de Brasília.
Em relação a Katia Abreu, que já demonstrou ter posições contrárias às de Ciro, como defender posse de arma e ser contra o aumento de demarcações de terras indígenas, o candidato afirmou que os dois se “complementam”, e elogiou a vice por ter votado contra o impeachment e contra a reforma trabalhista do governo Temer.
Ele também defendeu Lula, por ter feito um bom governo, mas disse que não considera o petista nem Satanás nem anjo e afirmou que a adoração ao ex-presidente está virando uma religião.
Nome limpo no SPC
O presidenciável disse que sua proposta de tirar o nome dos brasileiros do SPC é simples e que irá refinanciar as dívidas em até 36 vezes, o que, em média, diminuiria as parcelas para 40 reais. O primeiro grande motor para recuperar a economia seria melhorar o consumo das famílias, afirmou. Ele entregou a Bonner um manual explicando como irá pôr a medida em prática.
Crime organizado no Ceará
Ciro também foi provocado a falar sobre o crescimento da violência no Ceará, estado que foi comandado por ele, seu irmão e aliados. Segundo o candidato, a violência é culpa da chegada de facções criminosas que estavam associados aos governos paulista e fluminense. Ele afirmou que o efetivo da polícia no Ceará aumentou em três vezes que, se eleito presidente, irá liberar metade dos policiais federais que hoje estão “carimbando papel”.
Próximos entrevistados
O Jornal Nacional vai entrevistar os quatro candidatos a presidente mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto. Nesta terça-feira (28), será a vez de Jair Bolsonaro (PSL). O tucano Geraldo Alckmin participa do programa na quarta, e Marina Silva, da Rede, na quinta. O ordem foi definida por sorteio. O ex-presidente Lula, que aparece em primeiro nas pesquisas Datafolha e Ibope, não será entrevistado porque está preso em Curitiba. Ele também não pode dar entrevistas por ordem da Justiça.