Apoio de Freixo ao ‘voto útil’ e contra PSOL no Rio gera atritos na esquerda
Criticado por Tarcísio Motta, candidato à prefeitura carioca, presidente da Embratur diz que o considera “um amigo” e que "é importante derrotar o bolsonarismo"
Candidato a prefeito do Rio pelo PSOL, o deputado federal Tarcísio Motta criticou na noite desta terça-feira, 1, a postura de um ex-colega de partido, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT). Durante comício realizado na Cinelândia, no Centro da cidade, o parlamentar disse que Freixo “hoje mancha a história dele próprio” e “vai ter que arcar com as responsabilidades desse processo”. A ofensiva veio dois dias depois de o petista publicar vídeo em suas redes sociais em que pedia voto “com estratégia” em Eduardo Paes (PSD), para evitar um segundo turno entre o prefeito e o candidato bolsonarista Alexandre Ramagem (PL) na capital carioca. Procurado por VEJA, ele disse não haver atrito com Tarcísio, que considera um “amigo”.
Em entrevista ao jornal O Globo, Tarcísio ressaltou ter “respeito” ao ex-colega de partido, mas criticou sua atuação. “O tempo todo durante esta campanha eu disse que ele era um aliado, não um adversário. Quem resolveu me chamar de adversário foi ele, e vai ter que arcar com as responsabilidades desse processo, ao fazer vídeo pedindo que as pessoas não votem em mim”, disse, sobre Freixo.
A VEJA, Tarcísio reforçou que sua campanha “é a esquerda que sempre teve votos na cidade e nessa eleição reconhece no nosso programa aquilo em que acredita”.
“Eduardo Paes, de forma arrogante, achou que venceria sem fazer campanha e agora está apelando para um absurdo voto útil da esquerda no primeiro turno. E faz isso sem assumir nenhum compromisso com o eleitorado progressista apenas apelando pelo medo do bolsonarismo e escondendo que ele próprio já fez várias alianças com o campo bolsonarista. Comigo seguem todos os movimentos sociais de esquerda que constroem as lutas na cidade”, completou, ao destacar quadros que o apoiam, como os parlamentares Chico Alencar, Henrique Vieira e Glauber Braga, além do petista Lindbergh Farias.
Em resposta, Freixo utilizou o exemplo do também candidato do PSOL, em São Paulo, Guilherme Boulos, que disputa vaga no segundo turno da cidade com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o candidato do PRTB, Pablo Marçal.
“Não tem polêmica com Tarcísio. É um amigo O voto útil no Boulos é importante em SP, todos concordam! No Rio, várias lideranças de esquerda entendem que é importante derrotar o bolsonarismo no primeiro turno Não é um movimento contra ninguém. É um entendimento da grande maioria da esquerda”, ponderou.
Tarcísio marca hoje 6% das intenções de voto e é o terceiro colocado, de acordo com a mais recente pesquisa Quaest. Diante da dificuldade de desidratar o poderio eleitoral de Paes, e em meio a um crescimento de Ramagem, o nome do PSOL tem buscado assegurar o eleitorado de esquerda, que lhe rendeu boas votações para o Legislativo no passado. O prefeito, por outro lado, tem pregado o chamado “voto útil” justamente para captar os eleitores de Tarcísio e garantir vitória ainda no primeiro turno. O movimento, que contou com o reforço de Freixo, causou incômodo ao psolista.
No vídeo, publicado em suas redes sociais no último domingo, Freixo convoca seus eleitores para uma “reflexão” sobre o cenário eleitoral nas cidades do Rio e de Niterói, em que candidatos do PL ocupam a segunda posição nas pesquisas e têm crescido nos últimos dias.
“A gente não pode dar margem a ter um segundo turno com candidatos como Ramagem e como Carlos Jordy em duas cidades tão importantes como Rio e Niterói. É a vida como ela é, a realidade que se impõe. Não é hora de olhar para o próprio quintal. É hora de votar em Eduardo Paes no Rio, e em Rodrigo Neves em Niterói, e garantir uma derrota do bolsonarismo”, afirma.