A sinalização de Eduardo Paes (PSD) a Lula de que fará campanha para ele no Rio de Janeiro deixou o seu candidato ao governo do estado, Felipe Santa Cruz, aliviado. Com passado petista na família – ele próprio foi filiado à sigla -, o ex-presidente da OAB já manifestava nos bastidores o desejo de declarar abertamente o voto no ex-presidente, mas se segurava por causa da conjuntura local. (Reportagem publicada na edição desta semana de VEJA mostra o cenário conturbado que aguarda Lula no Rio, onde ele desembarca na próxima quarta-feira.)
Agora, o advogado diz pela primeira vez que vai de fato fazer campanha para o presidenciável petista. “Estou pronto para marchar com Lula. Sempre votei nele e sou filho, neto e sobrinho de fundadores do PT”, afirma. Apadrinhado político do prefeito do Rio, que também preside o PSD no estado, o pré-candidato ainda vai mal nas pesquisas – aparece com 2% no Datafolha divulgado nesta sexta-feira, 1º.
Santa Cruz espera, claro, algum retorno do flerte por parte do PT, que apoia formalmente Marcelo Freixo (PSB) para o Palácio Guanabara. Em meio aos estresses entre petistas e pessebistas, o grupo de Paes vê a possibilidade de o candidato da chapa de esquerda não ter exclusividade no apoio do presidenciável.
A conversa entre Lula e o prefeito se deu depois de Rodrigo Maia articular para colocar o pai, o ex-prefeito Cesar Maia, como vice de Freixo. Eles estão hoje no PSDB, presidido a nível local pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados. No encontro com o cacique-mor do PT, Paes pintou Santa Cruz como figura importante nas críticas aos excessos da Lava-Jato e na resistência ao governo de Jair Bolsonaro, do qual virou alvo especialmente por causa da história do pai, o estudante desaparecido pela ditadura Fernando Santa Cruz.