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Após reunião com Bolsonaro, Mandetta diz que fica no Ministério da Saúde 

Ministro afirmou que o inimigo tem nome e sobrenome e se chama Covid-19, pediu 'paz' para trabalhar e disse que a sua equipe passou o dia 'limpando gavetas'

Por Da Redação Atualizado em 7 abr 2020, 11h10 - Publicado em 6 abr 2020, 20h33

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse em entrevista coletiva na noite desta segunda-feira, 6, que não vai deixar o cargo apesar dos atritos que vem tendo com o presidente Jair Bolsonaro. “Nós vamos continuar, porque continuando a gente vai enfrentar o nosso inimigo. E o nosso inimigo tem nome e sobrenome. É a Covid-19″, disse. E repetiu uma frase que já havia usado em outras ocasiões. “Médico não abandona paciente, e eu não vou abandonar”. 

Acompanhado dos principais membros de sua equipe, Mandetta revelou que havia a intenção de todos deixarem o governo caso ele saísse – os membros da mesa concordaram – e disse que hoje foi “um dia muito difícil para trabalhar” porque parte dos membros da pasta estavam “limpando gavetas”.

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As declarações foram dadas após conversa do ministro com o presidente. Durante o dia, Bolsonaro chegou a decidir pela sua demissão em razão de divergências, como a questão do isolamento social para combater o coronavírus – o presidente é contra; o ministro defende -, mas foi convencido por militares, como os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Governo), a adiar a exoneração. 

Os líderes do Congresso também fizeram chegar ao presidente que o Parlamento não iria aceitar a demissão de Mandetta em meio ao combate à pandemia do coronavírus. “O que precisamos é de paz”, disse Mandetta na entrevista. Ele disse que não responderia a perguntas de jornalistas.

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Durante a entrevista, Mandetta recebeu o apoio de entidades como o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), por meio do presidente, Wilames Freire Bezerra, que estava no evento. A deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania-SC), presidente da Frente Parlamentar Mista da Saúde, também se solidarizou com o ministro. “Queremos manifestar o apoio do Congresso a sua pessoa, a todos os secretários, a todos da equipe. Sabemos do trabalho e sabemos dos momentos difíceis que estamos vivendo”, disse.

“Sabemos do momento pelo qual está passando o país, sabemos da importância de permanecer, de ajudar. Está todo mundo fazendo a sua dose de sacrifício, daremos o nosso, daremos nosso quinhão a mais de colaboração até quando formos importante, fizermos alguma diferença ou até quando o presidente entender”

A possibilidade de exoneração, no entanto, continua forte. Mandetta bateu de frente com Bolsonaro principalmente por causa da questão da quarentena ampla, que o ministro e as principais autoridades de saúde do mundo defendem, entre elas a Organização Mundial da Saúde (OMS), que lidera os esforços mundiais de combate à pandemia. Bolsonaro prefere flexibilizar o isolamento social por acreditar que a adoção da quarentena vai “quebrar” a economia do país e provocar caos social, o que pode ferir de morte o seu governo.

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O deputado federal Osmar Terra, ex-ministro da Cidadania, a imunologista e oncologista Nise Yamaguchi, diretora  do Instituto Avanços em Medicina, e o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, são apontados como favoritos a ocupar o cargo. Terra, inclusive, já teria ligado para alguns governadores para anunciar a decisão do presidente.

Terra, que foi ministro da Cidadania até fevereiro deste ano, tem defendido nos últimos dias posição contrária à de Mandetta na questão do isolamento social – alega que a medida não resolve e pode prejudicar a economia, mesma tese defendida pelo presidente. Barra Torres também pensa como Bolsonaro e chegou a acompanhá-lo no dia em que ele cumprimentou apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada durante as manifestações de 15 de março. Já Yamaguchi é defensora do uso da cloroquina no tratamento do coronavírus – Bolsonaro é um entusiasta da ideia.

No final da entrevista, Mandetta disse que ele e sua equipe permanecerão no cargo até quando suas presenças forem importantes e até quando Bolsonaro quiser. “Está todo mundo fazendo a sua dose de sacrifício, daremos o nosso, daremos nosso quinhão a mais de colaboração até quando formos importantes, fizermos alguma diferença ou até quando o presidente entender que outra equipe, (que leve o trabalho) para outro lado, que não queira esse tipo de trabalho, que fale ‘olha, não é por aqui, é por ali’, que encontre as pessoas certas, que substitua. Enquanto não vier outra equipe, nós vamos ajudar porque temos compromisso com a vida das pessoas”, afirmou.

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