Baixas na Rede podem tirar Marina de debate
Sem representatividade mínima, ex-senadora dependeria da boa vontade das emissoras de televisão para participar de encontros durante eleições de 2018
A possibilidade de a Rede perder dois deputados iniciou uma ofensiva da ex-ministra Marina Silva no Congresso para atrair novos parlamentares para a sigla. O motivo é que, com as baixas, o partido da pré-candidata à Presidência não teria o número mínimo de cinco representantes para a participação dela nos debates eleitorais na TV, conforme regra aprovada no ano passado durante a reforma eleitoral.
Os deputados federais Alessandro Molon (RJ) e Aliel Machado (PR) negociam a filiação ao PSB, a convite do presidente da legenda, Carlos Siqueira. A expectativa é de que o anúncio ocorra ainda nesta semana.
Com a saída deles, o partido de Marina fica com apenas três parlamentares no Congresso: os deputados Miro Teixeira (RJ) e João Derly (RS) e o senador Randolfe Rodrigues (AP).
Pela norma aprovada em 2017, as emissoras que organizarem debates são obrigadas a convidar aqueles que tem ao menos cinco, mas podem optar por convidar outros que julguem relevantes. Pela regra, além de Marina, quem também não teria assento assegurado é o deputado Jair Bolsonaro (RJ), que pretende se candidatar pelo PSL, legenda com apenas três parlamentares.
Os dois tem grandes chances de participar pela relevância junto ao eleitorado. Em cenários pesquisados pelo instituto Datafolha, nos quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é considerado inelegível, Bolsonaro aparece com até 20% das intenções de voto e Marina com até 16%.
Mesmo assim, a Rede conversa com dois parlamentares para garantir que manterá o mínimo, até por suas candidaturas a governos estaduais, que dependerão do mesmo critério. O partido negocia com um deputado e um senador.
De acordo com interlocutores, a própria Marina tem conduzido as reuniões, na sede do partido, em Brasília. O último encontro ocorreu ontem e os nomes ainda são tratados com sigilo. Com as filiações, a Rede busca representações em outros estados.
Curiosamente, o PSB era justamente um dos partidos que a ex-senadora e a legenda procuraram nas últimas semanas para buscar uma aliança na eleição presidencial. Apesar de ainda não anunciada, a mudança de Molon e Aliel é dada como certa nos bastidores de ambos os partidos.
(Com Estadão Conteúdo)