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Bicos mais afiados

O PSDB elege nova cúpula com a missão de mudar a cara do partido e tirar o tucanato de cima do muro. João Doria passa a ser a grande liderança da legenda

Por Roberta Paduan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Sergio Ruiz Luz Atualizado em 4 jun 2024, 16h01 - Publicado em 31 Maio 2019, 07h00
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  • Foram feitos eleitorais extraordinários: sem nunca ter disputado um pleito antes, João Doria ganhou a prefeitura da maior cidade brasileira no primeiro turno, em 2016; após quinze meses de mandato, deixou o cargo para disputar — e vencer — a eleição para governador de São Paulo. Na sexta-feira 31, Doria deve coroar seu poderio no PSDB emplacando seus escolhidos na cúpula do partido: Bruno Araújo, ex-­deputado por Pernambuco, como presidente nacional da legenda, e Mara Gabrilli, senadora por São Paulo, como vice. Não há chapa concorrente. Araújo, aos 47 anos, assumirá o partido com a missão de arrancá-lo da pior crise de seus 31 anos. “Temos de nos reconectar com a sociedade”, diz o deputado paraibano Pedro Cunha Lima, que substitui Tasso Jereissati na presidência do Instituto Teotônio Vilela, braço de estudos e formação política do partido.

    Dono do mais sólido projeto alternativo de poder ao PT até então, o PSDB sofreu sua pior derrota nas eleições de 2018. Geraldo Alckmin — que deixa a presidência da legenda depois da convenção — saiu da disputa presidencial no primeiro turno com melancólicos 4,7% dos votos. No Congresso, outra surra. A bancada tucana na Câmara encolheu para 29 deputados federais, 25 a menos do que tinha em 2014 e inacreditáveis setenta a menos que em 1998. Uma das razões foi a contaminação do partido com a lama descoberta pela Lava-­Jato quando delatores revelaram doações de campanha via caixa dois a tucanos de alta plumagem, como José Serra, Aloysio Nunes e, mais de leve, o próprio Alckmin. Beto Richa, ex-governador do Paraná, já foi preso por acusações de corrupção, e o hoje deputado Aécio Neves, que teve 51 milhões de votos no segundo turno da eleição presidencial de 2014, foi flagrado em uma gravação telefônica com Joesley Batista, da JBS, combinando, entre palavrões, um negócio de 2 milhões de reais. Outra razão para o desmoronamento eleitoral foi a falta de leitura do partido sobre a transformação pela qual passava o eleitorado brasileiro. O PSDB insistiu na candidatura de Alckmin, o estereótipo do político tradicional, e nas mesmas estratégias do passado — alianças com o Centrão com vistas a mais tempo no horário eleitoral gratuito. Resultado: um desastre.

    João Doria surgiu em 2016 incorporando o personagem do antipolítico, que construiu a vida no setor privado, com um discurso pró-­mercado. A agressividade de seu antipetismo, em contraste com a crítica geralmente tíbia que o tucanato endereçava ao partido adversário, completou sua imagem. Ele agora quer comandar uma renovação completa da agremiação. Os contornos desse novo PSDB — que talvez até mude de nome, a depender de uma pesquisa que será realizada entre eleitores — ainda não estão claros, mas há pistas. Promete-­se uma postura mais incisiva para as eleições municipais de 2020. “Temos de defender nossas posições com mais contundência, sair de cima do muro”, afirma Marco Vinholi, presidente do partido em São Paulo. O deputado federal Carlos Sampaio alinha-se ao discurso da renovação e diz que isso não descaracterizará a legenda. A ideia, ao contrário, seria enfatizar as realizações tucanas. “Temos muito do que nos orgulhar: o Plano Real e a estabilização da economia, o Bolsa Escola, que deu origem ao Bolsa Família, e o Coaf, criado no governo de Fernando Henrique Cardoso.” No ambiente polarizado da atual política brasileira, Doria vê espaço para o partido voltar a seus dias de glória no Centro. Não será essa postura ficar em cima do muro novamente?


    Publicado em VEJA de 5 de junho de 2019,
    edição nº 2637

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