Bolsonaro aciona Moro para que porteiro preste novo depoimento
Presidente diz que porteiro 'se equivocou' ao afirmar que interfonou a alguém 'com a voz de Bolsonaro' para liberar envolvido no caso Marielle
Horas após realizar uma live nas redes sociais por volta das 4h no horário da Arábia Saudita, o presidente Jair Bolsonaro conversou brevemente com jornalistas ao deixar seu hotel em Riad, com destino a uma série de reuniões com empresários no país asiático. O presidente reafirmou que acredita que o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) vazou para a TV Globo a informação de que seu nome é mencionado no inquérito do caso Marielle. A coluna Radar antecipou que Witzel teve acesso ao caso com antecedência.
O presidente disse estar em contato com o ministro da Justiça, Sergio Moro, para esclarecer o caso. Ele afirmou não saber quem é o porteiro citado na reportagem da Globo.
“Estou conversando com o ministro da Justiça para a gente tomar, via Polícia Federal, um novo depoimento desse porteiro pela PF para esclarecer de vez esse fato, de modo que esse fantasma que querem colocar no meu colo como possível mentor da morte de Marielle seja enterrado de vez”, disse o presidente.
Para ele, o profissional que disse ter interfonado em sua casa “se equivocou”.
“O porteiro ou se equivocou, ou não leu o que assinou. Pode o delegado ter escrito o que bem entendeu e o porteiro, uma pessoa humilde, ter assinado embaixo. Nós sabemos que (porteiros) são pessoas humildes, que quando são tomadas depoimento, sempre ficam preocupadas com algo. O porteiro está sendo usado pelo delegado da Polícia Civil, que segue ordens do Sr. Witzel governador”, declarou.
Bolsonaro voltou a afirmar que Wilson Witzel vazou o caso para a Globo, o que o governador do Rio negou durante a madrugada.
“No dia 9 de outubro, às 21 horas, eu estava no Clube Naval do Rio de Janeiro quando o governador Witzel chegou para mim e disse: o processo está no Supremo. Que processo? O que eu tenho a ver? E o Witzel disse que o porteiro citou meu nome. Ele sabia do processo que estava em segredo de Justiça”, disse o presidente.
“Agora eu pergunto ao governador Witzel: você sabia? Esse processo corre em segredo de Justiça. No meu entendimento, o senhor Witzel está conduzindo esse processo para manchar meu nome com essa falsa acusação”, completou o presidentes.
A jornalistas, Jair Bolsonaro declarou que dormiu apenas uma hora durante a noite, mas seguirá normalmente a agenda do dia por ser “militar”.
Reportagem da TV Globo exibida nesta terça-feira que citou o nome de Bolsonaro na investigação do caso Marielle Franco. A Polícia Civil do Rio de Janeiro teve acesso ao caderno de visitas do condomínio Vivendas da Barra, na Zona Oeste do Rio, onde têm casa o presidente e o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado da morte da vereadora do PSOL. No dia 14 março de 2018, horas antes do crime, o ex-PM Élcio Queiroz, outro suspeito do crime, anunciou na portaria do condomínio que iria visitar Jair Bolsonaro e acabou indo até a casa de Lessa, segundo informações divulgadas pelo Jornal Nacional nesta terça-feira.
Ele reforçou que estava em Brasília no dia 14 de março de 2018 e registrou presença em duas sessões na Câmara, onde exercia o mandato de deputado federal, versão também mostrada pela reportagem