O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou não estar preocupado com uma eventual invasão de seu telefone celular. Mais cedo, o ministro Sergio Moro (Justiça), segundo revelou o blog Radar, havia informado que o presidente também foi um dos alvos dos hackers presos pela Polícia Federal na última terça-feira. Interlocutores do Planalto avaliam que a ação poderá ser enquadrada na Lei de Segurança Nacional como uma ação terrorista contra o presidente.
Pelo Twitter, Bolsonaro informou que “jamais” tratou de temas sensíveis ou que envolvam a segurança nacional pelo celular. “Não estou nem um pouco preocupado se, por ventura, algo vazar aqui do meu telefone. Não vão encontrar nada que comprometa”, disse, ao chegar para um evento em Manaus, segundo a Folha de S.Paulo. O presidente também disse que sabe se precaver e que os hackers perderam tempo tentando acesso ao seu aparelho.
Na manhã desta quinta-feira, o Ministério da Justiça informou que, por uma questão de segurança nacional, Bolsonaro foi comunicado sobre a invasão a seu aparelho. A PF estima que 1000 números telefônicos tenham sido invadidos pelo grupo preso na terça-feira 23, suspeitos de acessar o telefone de Moro. As investigações apontam que o ministro da Economia, Paulo Guedes, que também teve o celular atacado, tenha sido vítima do “modus operandi da quadrilha”.
O delegado João Vianey Xavier Filho disse que, em um dos locais que foi alvo de mandado de busca e apreensão, foram encontrados aparelhos com atalhos para a conexão em aplicativos de mensagem. As evidências, explicou o delegado, mostram que as mensagens eram transferidas para computadores. Em outro endereço, foram encontrados quase 100.000 reais em espécie.
De acordo com as investigações, as quatro pessoas suspeitas de invadir o celular do ministro tiveram acesso ao código enviado pelos servidores do aplicativo Telegram para entrar na conta do aplicativo. A estratégia usada pelos suspeitos está descrita na decisão do juiz Vallisney de Souza, da 13ª Vara Federal de Brasília, que determinou a prisão temporária de Walter Delgatti Neto, Danilo Cristiano Marques, Gustavo Elias Santos e Suelen de Oliveira.
Além de Moro, foram alvo da invasão, segundo a decisão, o desembargador Abel Gomes (do Tribunal Regional Federal da 2ª Região), o juiz Flavio Lucas (18ª Vara Federal do RJ) e os delegados da PF Rafael Fernandes (lotado em São Paulo) e Flávio Reis (que atua em Campinas).