Bolsonaro ameaça deixar OMS caso órgão mantenha atuação ‘partidária’
Presidente também evitou criticar Trump, que citou o Brasil como exemplo de país com dificuldades para lidar com a pandemia
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista na frente do Palácio do Alvorada na noite desta sexta-feira, 5, que o Brasil pode deixar a Organização Mundial de Saúde caso a OMS mantenha uma atuação “partidária”. “Ou a OMS deixa de ser uma organização política, partidária até vou assim dizer, partidária, ou nós estudamos sair de lá”, disse.
“Não precisa de gente lá fora dando palpite na saúde aqui dentro”, disse Bolsonaro, que tem contrariado orientações do órgão internacional sobre o combate à pandemia do coronavírus.
A medida segue o exemplo dos Estados Unidos, que romperam relações com a OMS no mês passado. O argumento do presidente Donald Trump foi de que o órgão internacional foi “pressionado” pela China para dar “direcionamentos errados” ao mundo sobre o coronavírus.
Sem citar a China, Bolsonaro foi na mesma linha, afirmando que a OMS precisou “voltar atrás” em orientações sobre distanciamento social e uso da hidroxicloroquina em pacientes com o doença. “A OMS recomendou há poucos dias não prosseguir mais os estudos sobre a hidroxicloroquina. Agora voltou atrás. É só tirar a grana deles que eles começam a pensar de maneira diferente”, afirmou Bolsonaro, em uma referência ao corte de financiamento anunciado pelos americanos.
O presidente tem defendido o uso amplo do medicamento, mesmo sem comprovação científica de que seja eficaz no combate à doença. Ele também é crítico de medidas de isolamento social, considerada a forma mais eficaz até o momento de se evitar a propagação do vírus.
Bolsonaro também foi questionado sobre o comentário feito mais cedo por Donald Trump, que citou o Brasil como exemplo de país com dificuldades para lidar com a pandemia. O presidente dos EUA defendeu a estratégia adotada por seu governo contra a doença e afirmou que agora os EUA devem mudar o foco para se concentrar em proteger grupos de risco e permitir uma maior reabertura da economia. Jair Bolsonaro evitou criticar Trump e, interrompendo o repórter, mandou um “abraço” ao presidente dos Estados Unidos e disse que o Brasil quer cada vez mais aprofundar o relacionamento com os norte-americanos. “Torço para que seja reeleito”, disse Bolsonaro, concluindo seu comentário sobre o assunto.