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Bolsonaro autoriza uso das Forças Armadas para conter crise no Ceará

Presidente atende a pedido do governador Camilo Santana (PT), que enfrenta uma greve de policiais, que resultou no ferimento a tiros do senador Cid Gomes

Por Da Redação Atualizado em 20 fev 2020, 19h06 - Publicado em 20 fev 2020, 18h12
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  • O presidente Jair Bolsonaro autorizou nesta quinta-feira, 20, o emprego das Forças Armadas para tentar conter a crise na segurança pública no Ceará em razão da greve de policiais e bombeiros militares. A tensão subiu de grau na quarta-feira 19, quando o senador Cid Gomes (PDT-CE) levou dois tiros ao tentar invadir, pilotando uma retroescavadeira, um quartel com policiais militares amotinados em Sobral, no interior do estado.

    A tentativa de invasão do quartel aconteceu ao fim de uma carreata de Cid por Sobral, reduto do clã Ferreira Gomes e cidade particularmente afetada pelo motim dos policiais. O senador levou um tiro na clavícula e outro no pulmão. O último boletim médico, divulgado pelo Hospital do Coração na manhã desta quinta-feira, afirma que Gomes recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e que seu estado de saúde é estável.

    O decreto é assinado por Bolsonaro e pelos ministros Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e General Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e prevê que as Forças Armadas fiquem na cidade até o dia 28 de fevereiro. O instrumento usado, chamado GLO (Garantia da Lei e da Ordem), já foi usado em outros estados em momentos de deterioração da segurança pública local, como o Rio de Janeiro, durante o governo Michel Temer (MDB) O apoio das Forças Armadas havia sido pedido pelo governador do Estado, o oposicionista Camilo Santana (PT), aliado de Cid Gomes e de seu irmão, o ex-governador Ciro Gomes.

    “Acabei de assinar a GLO, o governador preencheu os requisitos”, disse Bolsonaro na porta do Palácio do Alvorada, residência oficial.  Nas redes sociais, Camilo Santana agradeceu. “Todo o esforço será feito para garantir a proteção dos nossos irmãos e irmãs cearenses. Agradeço ao presidente Jair Bolsonaro pelo apoio do governo federal neste momento”, publicou. Na terça-feira, 19, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, já havia autorizado o envio da Força Nacional de Segurança Pública “para colaborar com as forças de segurança estaduais na garantia da lei e da ordem”. O contingente, formado por policiais de outros estados, ficará no Ceará por 30 dias.

    A paralisação da categoria remonta a dezembro do ano passado, quando policias e bombeiros militares ocuparam as galerias da Assembleia Legislativa reivindicando um reajuste salarial. “Se não melhorar, a polícia vai parar”, gritavam os manifestantes. O governador prometeu, então, enviar uma proposta de reestruturação de carreira, anunciada no fim de janeiro deste ano. De acordo com a proposta do governo, o salário de policiais militares e civis, bombeiros e peritos forenses seria aumentado, progressivamente, até 2022, de 3,2 mil reais para 4,2 mil reais.

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    Diante da insatisfação da categoria, o Executivo estadual aumentou a proposta para 4,5 mil reais, mantendo os reajustes progressivos até 2022. No dia 13 de fevereiro, o governo anunciou o acordo com os militares, mas um grupo ligado a uma associação da categoria se manteve insatisfeito. Com a iminência de uma greve, o Ministério Público do Ceará pediu à Justiça que decretasse a ilegalidade dos motins policiais, sob pena de aplicação de multas às associações que apoiassem o movimento.

    Apesar da decisão judicial, a paralisação foi iniciada na terça-feira 18. Os atos, que vão desde o esvaziamento de pneus de viaturas até a retirada de circulação de veículos oficiais, são classificados pela Secretária de Segurança Pública do estado como “vandalismo” e “motim”. Na quarta-feira, antes de  Cid Gomes ser baleado, homens encapuzados em carros da Polícia Militar ordenaram que comerciantes do centro de Sobral baixassem as portas – algumas lojas só voltaram a abrir com a intervenção da Polícia Civil e da Guarda Municipal.

    Histórico de reivindicação

    Esta não é a primeira paralisação dos militares no Ceará. Entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012, durante o governo de Cid Gomes, a categoria ficou em greve por seis dias, reivindicando aumento salarial. A mobilização ficou marcada pela escalada da violência, com diversos episódios de assaltos, arrastões e depredação do patrimônio público. Nas redes sociais, circulavam vídeos de motociclistas encapuzados realizando crimes. Na época, assim como desta vez, a Força Nacional de Segurança Pública foi enviada ao estado.

     

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