A Ordem do Rio Branco é uma condecoração criada pelo governo brasileiro por decreto, em 1963, para distinguir “serviços meritórios e virtudes cívicas” e para “estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção”. Foi instituída em homenagem ao patrono da diplomacia, o Barão do Rio Branco.
Começando seu quinto mês de mandato, Jair Bolsonaro distribuiu 286 dessas condecorações. A relação é plural, contempla de ministros a governadores e passa por pessoas que nem de longe prestaram serviços meritórios ou demonstram as tais virtudes cívicas exigidas em lei. O presidente decidiu admitir na Ordem do Rio Branco, no grau máximo de Grã-Cruz, o ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antônio, investigado pela Polícia Federal por suspeita de desvio de dinheiro público nas eleições. O ministro é do PSL, partido de Bolsonaro.
O presidente também admitiu na mesma Ordem do Rio Branco o senador Flávio Bolsonaro, seu filho mais velho, o Zero Um, que submergiu após a investigação do Ministério Público sobre os rolos financeiro-milicianos de Fabrício Queiroz, amigo de longa data da família Bolsonaro que recolhia parte dos salários dos servidores do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio. Outro filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, também receberá a condecoração máxima.
O vereador Carlos Bolsonaro não foi contemplado desta vez, ao contrário de seu principal parceiro de guerrilha virtual, Olavo de Carvalho. Bolsonaro decidiu condecorar com a Ordem do Rio Branco o astrólogo, autointitulado filósofo e guru do bolsonarismo, mesmo depois de dizer que certas declarações de Carvalho não contribuem com os objetivos do governo. Um dos alvos prediletos do astrólogo e de Carlos Bolsonaro é o vice-presidente da República, o general Hamilton Mourão, que também foi condecorado.
A lista de agraciados inclui o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que anunciou corte no orçamento das universidades federais, e a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde brasileiros foram hostilizados no início da semana.