Bolsonaro fala em “histeria”, repreende governadores e critica imprensa
"Autoridades devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio...", disse em pronunciamento sobre vírus
Em pronunciamento nacional sobre o coronavírus na noite desta terça, 24, Jair Bolsonaro criticou a imprensa, repreendeu governadores e falou novamente em “histeria” e resfriadinho. “O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará”, decretou, no anúncio de pouco mais de 4 minutos.
O presidente disse que, desde que resgatou-se os brasileiros de Wuhan, na China, onde surgiu o novo coronavírus, o governo traçou um planejamento estratégico para combatera infecção. “Mas o que tínhamos que conter naquele momento, era o pânico, a histeria e, ao mesmo tempo, traçar a estratégia para salvar vidas e evitar o desemprego em massa – assim fizemos”, disse, após elogiar o trabalho do ministro da Saúde, Henrique Mandetta.
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Clique e Assine“Grandes partes dos meios de comunicação foram na contramão”, completou, com seu hábito de criticar a imprensa, dizendo que a mídia foi responsável por disseminar “histeria” por aí. “Espalharam a sensação de pavor, tendo como carro-chefe o anúncio do grande número de vítimas na Itália.” Bolsonaro alega que trata-se de um país muito diferente do nosso, com mais idosos e um clima diverso. Sobrou indireta para o Jornal Nacional, que pediu à população calma ontem. O presidente acredita que houve uma mudança de discurso.
“Nossa vida tem que continuar, os empregos devem ser mantidos”, disse, seguindo a alfinetar governadores que são seus adversários, como João Doria e Wilson Witzel. “Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas?”
Ele também comentou sobre a possibilidade de que poderia ter contraído o coronavírus. “No meu caso particular, com meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão”, referindo-se a um vídeo antigo do médico Drauzio Varella, que chegou a ser retirado de circulação por mau uso nas redes sociais.
Bolsonaro falou ainda sobre possibilidades de novos tratamentos à doença, como a cloroquina, cujo uso está em análise no Brasil.