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Bolsonaro decide transferir parte da embaixada em Israel para Jerusalém

Presidente brasileiro confessa que solução salomônica partiu do general Augusto Heleno

Por Julia Braun, de Jerusalém
Atualizado em 31 mar 2019, 17h00 - Publicado em 31 mar 2019, 12h17
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  • O governo de Jair Bolsonaro decidiu estabelecer um escritório em Jerusalém para a promoção do comércio, investimento, tecnologia e inovação. Trata-se de uma parte já existente na embaixada brasileira em Tel Aviv, que permanecerá oficialmente nesta cidade. Com a medida, anunciada neste domingo em Israel, o presidente da República dribla a reação dentro de seu próprio gabinete e dos países árabes a sua proposta original de mudar toda a representação brasileira, que significaria o reconhecimento do Brasil da soberania de Israel sobre Jerusalém.

    A parcela mais substancial da embaixada, dedicada ao relacionamento político entre os dois Estados, permanecerá em Tel Aviv. Até a sexta-feira 29, o Palácio do Planalto mencionava a criação apenas do escritório de comércio em Jerusalém. O anúncio de uma estrutura mais encorpada foi feito nesta tarde durante declaração à imprensa do presidente Bolsonaro e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em sua residência oficial.

    Netanyahu não deixou transparecer desapontamento com o recuo do Brasil em transferir toda a sua embaixada para Jerusalém. Afirmou que esse é o “primeiro passo” para a mudança integral. Bolsonaro atribuiu a solução salomônica ao general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança institucional.

    O Brasil relembrou que Jerusalém tem sido parte inseparável da identidade do povo judeu por mais de três milênios e se tornou o coração político do moderno e pujante Estado de Israel. Nesse espírito, e 72 anos depois de participar do primeiro capítulo da recriação do Estado de Israel, o país decidiu estabelecer um escritório em Jerusalém para a promoção do comércio, investimento, tecnologia e inovação.

    Em pronunciamento à imprensa, o porta-voz da Presidência, general Rêgo Barros, negou que a medida seja um reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel. Afirmou, no entanto, que o presidente “continua avaliando essa possibilidade”.

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    O porta-voz afirmou ainda que o novo escritório em Jerusalém não terá status diplomático e será conduzido por “pessoas não ligadas à carreira diplomática”. O general também insistiu que não se trata de uma transferência do escritório já existente em Tel Aviv para a cidade santa, mas da abertura de um novo organismo.

    O texto da declaração conjunta do encontro entre Netanyahu e Bolsonaro diz que o Brasil relembra ser Israel “inseparável da identidade do povo judeu por mais de três milênios e se tornou o coração político do moderno e pujante Estado de Israel”. Não há menção à minoria árabe cidadã de Israel. “Nesse espírito, e 72 anos depois de participar do primeiro capítulo da recriação do Estado de Israel, o Brasil decidiu estabelecer um escritório em Jerusalém para a promoção do comércio, investimento, tecnologia e inovação.”

    Casamento

    Netanyahu e Bolsonaro assinaram sete acordos de cooperação nas áreas de segurança pública e defesa, de cibersegurança, de serviços aéreos, de saúde e de ciência e tecnologia. Sobre este último, o mais incensado, trata-se de uma atualização de acordo de 1962, para permitir a realização de pesquisas científicas conjuntas e o fornecimento e troca de equipamentos. “Isso é só o começo”, advertiu o israelense, para quem esses acertos são “do coração”.

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    Bolsonaro já o havia chamado de “irmão”. Ambos mencionaram Deus algumas vezes, e o israelense chegou a “abençoar” o brasileiro. Mas Bolsonaro foi além: qualificou o encontro com um “casamento” e novamente declarou seu amor, em hebraico, a Israel.

    “Este nosso casamento no dia de hoje trará muitos benefícios aos nossos povos. Estou muito feliz. Peço a Deus que continue nos iluminando para que continuemos tomando boas decisões”, afirmou. “Eu amo Israel.”

    O presidente ressaltou sua avaliação de que houve momentos de “um pouco de frieza e afastamento” no diálogo bilateral e que, agora, ambos os lados decidiram “esquentar e aproximar essas relações entre os países”.  “O Brasil deu uma guinada, a questão ideológica deixou de existir em nosso governo”,  disse o presidente brasileiro. “Buscamos ampliar os nossos negócios no mundo todo.”

    Em uma tentativa de elogiar Israel, Bolsonaro afirmou ser o território desse país “menor do que o menor estado brasileiro, Sergipe”. “Mas nos orgulhamos de ver a grandiosidade da nação israelense”, completou.

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