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Bolsonaro ‘não leu e não lerá’ prova do Enem 2019, afirma Weintraub

Em novembro, o presidente eleito criticou a edição da prova e disse que quando assumisse tomaria conhecimento do conteúdo antes de sua aplicação

Por Giovanna Romano Atualizado em 3 jul 2019, 18h22 - Publicado em 3 jul 2019, 17h29

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) “não leu e não lerá” as questões do Enem 2019 antes da aplicação da prova. “Eu não li a prova, o presidente não leu. Ninguém vai ler, salvo uma hecatombe nuclear. Tenho uma base estatística relativamente forte, então zero probabilidade”, declarou nesta quarta-feira, 3, durante a coletiva de imprensa que divulgou a digitalização do exame até 2026.

Em novembro do ano passado, após a aplicação do Enem 2018, o então presidente eleito fez críticas à prova, que classificou como “vexame” e “doutrinação exacerbada”. Ele disse que, quando assumisse o cargo, o governo tomaria conhecimento do conteúdo antes de sua aplicação. Em janeiro o Inep (órgão responsável pela prova), sob gestão de Marcus Vinícius Rodrigues, sinalizou que poderia atender à vontade de Bolsonaro.

Ainda na coletiva de imprensa, o atual presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, esclareceu como acontecerá a aplicação do “Enem Digital”. “Faremos através de um aplicador, como hoje fazemos em papel. Contratamos um aplicador que faça a aplicação e fornecemos as informações da base instalada de computadores nas escolas. O aplicador também poderá alugar e buscar outras salas”, disse Lopes.

A expectativa do presidente do Inep é que, em 2026 — previsão final para a digitalização total da aplicação do Enem —, as escolas já tenham se adaptado às provas digitais e à reforma no ensino médio. “Tem que pensar que a gente aqui acredita que o governo vai dar um resultado muito bom em todas as frentes que estamos agindo: economicamente, na renda per capita, nos índices educacionais”, completou o ministro, otimista.

Mesmo considerando o caminho positivo, o diretor de políticas educacionais da organização Todos pela Educação Olavo Nogueira Filho considera que a estratégia precisa ser “muito bem construída” para que consiga superar “os entraves de infraestrutura no país”. Ainda, o especialista afirma não se pode “só olhar a ótica da economia de passar do papel para o digital”.

“Como usar a tecnologia para promover um ganho econômico e, ao mesmo tempo, viabilizar uma operação de uma avaliação para milhões de alunos com segurança e efetividade? Dada a infraestrutura atual do país, podemos ter sérios entraves para a aplicação digital, o que não significa que não devemos buscar esse caminho. O avanço pode ser uma alavanca para mudanças de conectividade”, analisa Nogueira Filho.

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‘Enem Digital’

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será aplicado apenas em formato digital no ano de 2026, quando será abandonada a versão em papel. A novidade começará a ser implementada em 2020 e a digitalização será gradativa. No próximo ano, estudantes de quinze capitais do país terão a opção de realizar 50 mil provas digitais em dois domingos consecutivos em outubro. Não há alterações na realização do Enem 2019.

De acordo com o calendário, em 2020 o Enem terá duas aplicações: a digital, nos dias 11 e 18 de outubro, e a regular, nos dias 1º e 8 de novembro. Uma reaplicação, em papel, acontecerá em dezembro para os estudantes prejudicados por problemas logísticos com a versão digital. Os resultados serão divulgados de forma conjunta.

Já em 2021, serão feitas duas aplicações digitais em datas distintas, também opcionais, como forma de aprimoramento do ano anterior. Será mantida a aplicação regular e a reaplicação em papel. Entre 2022 e 2025, segundo o Inep, o “Enem Digital” será aprimorado, ainda de forma opcional aos participantes. Em 2026, no entanto, a previsão é que não haja mais prova em papel e que o Enem aconteça em várias datas ao longo do ano.


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PODCAST FUNCIONÁRIO DA SEMANA

Ouça o episódio abaixo e conheça a história e as polêmicas de Abraham Weintraub, o ministro da Educação de Bolsonaro.

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