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Bolsonaro diz que errou ao declarar que imigrantes ‘têm más intenções’

Presidente negou que o Brasil esteja oferecendo muito aos Estados Unidos e recebendo pouco em troca: ' alguém tem de estender o braço primeiro'

Por Julia Braun, de Washington, D.C.
Atualizado em 19 mar 2019, 18h39 - Publicado em 19 mar 2019, 17h53

O presidente Jair Bolsonaro assumiu como erro nesta terça-feira, 19, sua declaração de que a maior parte dos imigrantes que se mudam para os Estados Unidos “tem más intenções”, feita em entrevista à emissora Fox News exibida na noite anterior. Em entrevista a jornalistas brasileiros depois de seu encontro com o presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca, ele pediu desculpas.

“Boa parte (dos imigrantes) tem boas intenções. A menor parte, não. Eu peço desculpas”, disse, ao ser questionado sobre o assunto. Foi “um equívoco, um ato falho cometido na entrevista de ontem”, completou.

Em conversa com a jornalista Shannon Breen exibida na segunda-feira na televisão americana, Bolsonaro defendeu a construção do muro proposto por Trump na fronteira dos Estados Unidos com o México e disse que “a maioria dos imigrantes não tem boas intenções”. 

O presidente do Brasil falou à imprensa depois de sua reunião na Casa Branca e de uma visita ao Cemitério de Arlington, em Washington, onde estão sepultados muitos dos veteranos de guerra. O brasileiro agora participa de um encontro com lideranças religiosas na Blair House, residência para hóspedes do governo americano.

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Bolsonaro também comentou sobre algumas das principais questões discutidas com Donald Trump em sua reunião privada. O presidente negou que o Brasil esteja oferecendo muito aos Estados Unidos e recebendo pouco em troca, com concessões unilaterais, como a isenção de visto para turistas . “Alguém tem que estender o braço primeiro e quem estendeu as mãos em primeiro lugar fomos nós”, disse.

O líder brasileiro defendeu o acordo assinado entre os dois governos ontem para que Washington use comercialmente a base de lançamentos de foguetes de Alcântara, no Maranhão. Segundo ele, o local estava ocioso e que poderá gerar ganhos para o Brasil.

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Bolsonaro também argumentou a favor da decisão brasileira de isentar turistas americanos de visto no Brasil, argumentando que a medida poderá aumentar os ganhos do setor de turismo.

Economia

O presidente disse que não tratou em profundidade com Trump sobre questões relacionadas à Organização Mundial do Comércio (OMC), após o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar que os Estados Unidos querem que o Brasil deixe uma lista de beneficiados da OMC em troca do apoio americano à entrada brasileira na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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Em entrevista ao lado de Bolsonaro após a reunião entre ambos, o presidente americano disse que os Estados Unidos apoiam a entrada brasileira na OCDE.

O presidente lembrou ainda que a China, que atualmente trava uma guerra comercial com os Estados Unidos, é o principal parceiro comercial do Brasil e disse que visitará o país asiático no segundo semestre deste ano.

Venezuela

Em sua coletiva de imprensa ao lado de Trump na Casa Branca, Bolsonaro sinalizou com a possibilidade de o Brasil aderir a uma solução militar dos Estados Unidos para a crise da Venezuela. O presidente americano voltou a dizer que “todas as opções estão sobre a mesa”. 

Após o encontro, contudo, o brasileiro afirmou que a diplomacia “está em primeiro lugar” para o Brasil, evitando responder novamente de forma concreta se discutiu com Trump a possibilidade de apoiar uma intervenção militar no país sul-americano.

“O que ele conversou comigo reservadamente, me desculpem, mas não poderei entrar em detalhes”, afirmou.

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Otan

Sobre a possibilidade anunciada por Trump de os Estados Unidos designarem o Brasil seu principal aliado fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Bolsonaro disse que “existe um aceno positivo de ambas as partes” e garantiu que a questão será aprofundada “nas próximas semanas”.

“Temos a ganhar nas parceiras no tocante a material de defesa e energia”, afirmou.

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Na coletiva na Casa Branca, Donald Trump chegou, inclusive, a sugerir a possibilidade de o Brasil integrar formalmente a Otan. A organização militar foi formada por países da Europa e da América do Norte, com origem na oposição ao socialismo liderado, na época, pela União Soviética, hoje extinta.

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