Depois de mencionar que realizaria um novo pronunciamento em cadeia nacional neste sábado, 16, onde defenderia a reabertura do comércio, o isolamento vertical e o uso da cloroquina, o presidente Jair Bolsonaro recuou. A intenção havia sido anunciada em uma videoconferência com empresários na quinta-feira 14, véspera do pedido de exoneração por parte de Nelson Teich, no Ministério da Saúde.
Com a possibilidade, diversos grupos se mobilizaram pela internet e programaram vários “panelaços” para o momento em que o discurso do presidente fosse ao ar nas televisões e rádios pelo país, o que acabou não acontecendo. Em contrapartida, Bolsonaro deu sinais de que participará de uma manifestação a seu favor na manhã deste domingo, 17.
A saída de Teich foi o principal motivo da desistência de Bolsonaro. Sem um titular na pasta, que passou a ser comandada interinamente pelo secretário-executivo do ministério da Saúde, o general Eduardo Pazuello, o presidente da República não se vê respaldado para levar ao público suas opiniões sobre o emprego da hidroxicloroquina como tratamento ao novo coronavírus (Covid-19) — não há comprovação científica neste momento de que o fármaco seja eficaz no combate à enfermidade.
A ideia do pronunciamento, no entanto, não foi descartada, apenas adiada. Mas, só será colocada em prática quando o novo ministro da Saúde for anunciado. “Nós temos que ter mais do que comercial de esperança, transmitir a confiança. Tanto é que vamos ter um pronunciamento gravado para sábado à noite nessa linha”, disse Bolsonaro, em videoconferência com empresários na última quinta 14.
Neste sábado, Bolsonaro evitou falar com jornalistas. Permaneceu calado enquanto diversos repórteres o questionavam acerca do pedido de demissão de Teich. O presidente também se negou a posar para fotos com apoiadores: “Se eu chegar perto, vocês vão ver a ‘festa’ que vai fazer”, disse o presidente, em alusão à imprensa. Em sua conta no Twitter, voltou a defender o uso da cloroquina ao compartilhar uma frase que diz que “um dos efeitos colaterais da cloroquina, remédio baratíssimo, é prevenir a corrupção”. A droga já é utilizada hoje em pacientes com Covid-19, mas sua eficácia ainda não foi atestada pela comunidade científica.
No fim da tarde, o presidente cumprimentou brevemente um grupo de apoiadores que o aguardavam na portaria do Palácio da Alvorada, e indicou que deve participar de novas manifestações favoráveis ao governo amanhã. Prometeu estar às 11h na “rampa” da residência oficial da Presidência, de onde costuma acompanhar os protestos.