Boulos e Tabata dizem que Nunes ‘envergonha’ legado de Bruno Covas
Para rivais eleitorais do atual prefeito, ex-chefe do Executivo paulistano não aprovaria participação em ato pró-Bolsonaro
O ato em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizado na Avenida Paulista neste domingo, 25, fez voltar o nome de Bruno Covas (PSDB) ao debate das eleições municipais em São Paulo, quase trê anos após sua morte. O motivo foi a presença de Ricardo Nunes (MDB) na manifestação bolsonarista – para os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB), pré-candidatos à prefeitura da capital paulista, o ex-prefeito tucano teria “vergonha” de ver seu vice participando do evento.
“É uma vergonha que alguém que se elegeu vice de Bruno Covas, democrata que SEMPRE foi contra o Bolsonarismo, esteja hoje na Paulista defendendo justamente o ataque à democracia promovido por Bolsonaro”, publicou Boulos em seu perfil oficial no X (antigo Twitter).
É uma vergonha que alguém que se elegeu vice de Bruno Covas, democrata que SEMPRE foi contra o Bolsonarismo, esteja hoje na Paulista defendendo justamente o ataque à democracia promovido por Bolsonaro.
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) February 25, 2024
Tabata Amaral, por sua vez, criticou a manifestação bolsonarista como um incentivo à polarização e afirmou, também pelas redes sociais, que “Nunes demonstra topar qualquer negócio para se manter no poder e envergonha o legado de Bruno Covas”.
Todos têm o direito de convocar e realizar manifestações. Mas não podemos nos esquecer que aqueles que convocaram a manifestação de hoje fizeram isso porque estão sendo investigados por atentar contra a democracia. Ou seja, estão apostando mais uma vez na polarização para tentar…
— Tabata Amaral (@tabataamaralsp) February 25, 2024
Legado antibolsonarista?
Bruno Covas morreu em maio de 2021, durante seu segundo mandato à frente da Prefeitura de São Paulo, vítima de complicações de um câncer no sistema digestivo com o qual lutava desde 2019. Ele assumiu o cargo inicialmente em 2018, quando o então prefeito João Doria (sem partido) renunciou para disputar o governo estadual, e foi reeleito em 2020 com Ricardo Nunes como companheiro de chapa.
Chefe do Executivo municipal nos anos iniciais da pandemia de Covid-19, Covas manteve o alinhamento ao PSDB e ao governo Doria de incentivo à vacinação e às medidas de isolamento social. A postura assumida em seus anos finais de vida colocou o prefeito em rota de colisão com Jair Bolsonaro, defensor da ampla reabertura dos serviços e da suposta “imunidade de rebanho”.
No entanto, a afirmação publicada por Boulos de que Covas “sempre” teria sido contra o bolsonarismo não tem sustento no histórico da política paulistana. Eleitos para a prefeitura de São Paulo em 2016, na crista da onda antipetista, Doria e Covas se aproximaram ideologicamente de Jair Bolsonaro – nas eleições seguintes, os dois chegaram a apoiar publicamente a candidatura presidencial do ex-capitão, cujo apoio foi um dos pilares da vitória do empresário tucano na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.