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‘Brasil não precisa de nenhum salvador da pátria’, diz general

Entusiasta da candidatura do ex-juiz Sergio Moro ao Planalto, ex-ministro Santos Cruz afirma que 'Brasil não vai ganhar nada com campanha de extremos'

Por Rafael Moraes Moura 7 nov 2021, 12h05

Ex-ministro do governo Bolsonaro,  o general Carlos Alberto dos Santos Cruz afirmou, em entrevista a VEJA, que o Brasil não precisa de um “novo salvador da pátria”, mas de uma pessoa que valorize as instituições e tenha um projeto de país. Entusiasta da candidatura do ex-juiz Sergio Moro, Santos Cruz é o principal interlocutor dele junto aos militares. O ex-magistrado, que vai se filiar ao Podemos na próxima quarta-feira 10, em Brasília, já está montando a equipe de campanha e elegeu Bolsonaro como o seu principal adversário nas próximas eleições.

“Eu acho Moro uma grande opção pro Brasil, porque as duas candidaturas que estão aí na frente (de Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), com polarização de extremistas, já tiveram a sua oportunidade e se perderam na demagogia e no populismo. O Brasil não vai ganhar nada com uma campanha de extremos”, afirmou Santos Cruz, que foi ministro de Bolsonaro e transformou-se em um critico contundente do governo e do chefe do Executivo. “O bolsonarismo é o petismo com sinal contrário, o comportamento é o mesmo. Eu acho que o candidato Lula teve a oportunidade dele, governou duas vezes, o PT teve quatro oportunidades (com os dois mandatos de Lula e Dilma Rousseff)”, acrescentou.

Na avaliação de Santos Cruz, a sociedade brasileira está cansada do atual “show político que estamos vivendo”. “A gente precisa não é nenhum salvador da pátria, mas de uma pessoa que valorize as instituições, que tenha um projeto de país, e que não se preocupe com dar show. Estamos vivendo em campanha eleitoral há três anos”, frisou. Para o general, Bolsonaro desrespeita o papel das Forças Armadas ao tentar torná-las ferramentas de uso político. “As Forças Armadas nunca apoiaram formalmente um candidato. Os militares têm a sua individualidade. Como instituição, ela não deve se vincular a ninguém”, observou.

Interlocutores de Moro apontam que o ex-magistrado fez uma espécie de “recuo tático” quando a Câmara dos Deputados inseriu de última hora no novo Código Eleitoral uma regra que determina quarentena para ex-juízes que queiram disputar as eleições. O objetivo era retirar Moro da disputa pelo Palácio do Planalto no ano que vem, mas os parlamentares acabaram fazendo ajustes no texto, fixando uma regra de transição para as mudanças, que só valerão a partir de 2026. Nesse período, o ex-juiz da Lava Jato “submergiu”.

“Moro encolheu de caso pensado para que a regra eleitoral não o impedisse de ser candidato. Fez um movimento político. Quem faz movimentos bem feitos de recuos táticos são pessoas que pensam bem a política. Porque se ele tivesse buscado uma exposição prematura, mesmo com pesquisas favoráveis a ele, seria degolado pelo Congresso Nacional — e não foi”, pontua um outro aliado do ex-juiz.

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