A campanha de Lula (PT) avaliou que o desempenho do ex-presidente no debate desta quinta-feira, 29, foi bom, mas que não foi suficiente para mudar a corrida eleitoral à Presidência. Já os bolsonaristas viram desgaste do rival e festejaram o resultado.
Quem achava que a performance do petista no encontro poderia ser decisiva para que ele liquide a fatura no próximo domingo terá que esperar mais dois dias até a data do pleito.
O debate começou às 22h30 e, em razão de uma série de pedidos de direito de resposta dos candidatos, o programa se estendeu até 2h. Em evento no Rio nesta sexta-feira, 30, Lula reclamou do horário do debate e disse que ele não contempla o eleitor que precisa acordar cedo para trabalhar.
“É uma coisa inexplicável [o debate ser tão tarde]”, disse Lula. “Poderia ser feito em um sábado à tarde para abrir espaço para a população trabalhadora, porque não dá para achar que depois de meia-noite ainda tem gente assistindo.”
Lula reconheceu que o debate é a chance de os candidatos ficarem frente a frente e de “trocarem farpas”, mas o programa como ele é concebido atualmente, segundo ele, não teria o condão de mudar o cenário eleitoral. Apesar disso, ele disse esperar que “a eleição termine no domingo”. “Estou confiante para encerrar essa disputa no primeiro turno”, disse.
O ex-ministro Aloizio Mercadante partilha da mesma impressão, de que o jogo terá um desenlace definitivo no próximo domingo. Segundo ele, pesquisa qualitativa encomendada pelo PT para o debate indicou que Lula foi vitorioso entre os indecisos, com menções elogiosas ainda a Simone Tebet (MDB) e a Ciro Gomes (PDT). “Quem mais perdeu no debate foi o Bolsonaro”, disse ele, que afirmou ainda que, a despeito disso, o encontro televisivo atrai “mais as pessoas que gostam de política” do que o eleitor em geral.
O ex-ministro petista Gilberto Carvalho também afirmou que o debate não mudou a corrida como ela está posta atualmente. Ele disse avaliar que nem mesmo o momento em que Lula perdeu a cabeça e bateu boca com o Padre Kelman (PTB) foi suficiente para mudar a impressão do eleitor, principalmente o indeciso.
“Se ainda houvesse propaganda em que os candidatos pudessem explorar imagens do debate, como era antigamente, até poderia haver algum impacto, mas do jeito que está não muda o jogo”, disse.
O consenso geral entre petistas e aliados foi que Jair Bolsonaro (PL) foi o grande perdedor do debate, ao se aliar à figura controversa do Padre Kelman, ao não responder sobre acusações de corrupção e ao focar em ataques aos adversários.
A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) disse que Bolsonaro deixou claro o seu despreparo para ocupar o cargo de presidente e que Ciro mostrou que “tem conhecimento, mas é uma pessoa desvairada”.
“Parecia que havia um acordo entre o Ciro, o padre e o Bolsonaro. Na verdade todos ali estavam contra o Lula e ele foi muito bem, teve uma boa performance. Apesar disso, não vai ser o debate que vai mudar o resultado dessa eleição”, disse ela.