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Carta ao Leitor: Preso ao passado

Mais do que nunca, Lula precisa acordar para a realidade — e escapar das ideias antigas

Por Redação Atualizado em 28 fev 2025, 15h51 - Publicado em 28 fev 2025, 06h00

Um dos economistas mais influentes da história resumiu de forma precisa a complexidade da tarefa de tentar se livrar de velhos dogmas. “A verdadeira dificuldade não está em aceitar ideias novas, mas em escapar das antigas”, disse John Maynard Keynes. Já avançando para a segunda metade do mandato do presidente, o governo Lula parece preso a esse dilema. O mundo é outro desde que ele esteve pela primeira vez no Palácio do Planalto, há mais de vinte anos. O que não mudou é a postura do petista, que tenta resolver os problemas atuais com as mesmas receitas de outros tempos. No intervalo de poucos dias, Lula deu novos exemplos de que é um presidente preso ao passado.

Na segunda 24, dentro de seu esforço para reviver a indústria naval brasileira, o presidente participou da assinatura de contrato da Transpetro, subsidiária da Petrobras, envolvendo a aquisição de quatro navios, ao valor total de aproximadamente 1,6 bilhão de reais. É a mesma Transpetro que esteve no centro de um dos escândalos da Lava-Jato. Sérgio Machado, ex-dirigente da empresa, confessou ter pago propina a mais de vinte políticos. O recente negócio com a Transpetro faz parte de um pacote de investimentos muito maior, de 45 bilhões de reais. Vários estaleiros que figuraram nas investigações da Lava-Jato devem voltar à cena. É a repetição do erro.

Na economia, com base nos velhos dogmas, Lula segue convicto de que o melhor caminho passa pelos investimentos estatais e pelo estímulo ao consumo. Os brasileiros já começam a sentir no bolso os frutos dessa aposta equivocada, com destaque agora para a inflação dos alimentos. Reportagem da edição mostra as causas e consequências da carestia. Entre os aspectos que independem do governo estão os extremos climáticos e as safras ruins. Há, sobretudo, a alta do dólar, que encarece a produção e estimula a exportação de alimentos. Isso reduz a oferta interna — o que, por sua vez, leva à alta de preços. O dólar sobe por fatores domésticos e internacionais. No âmbito doméstico, a crise de confiança no governo e o desequilíbrio das contas públicas são gatilhos para a disparada da moeda.

Diante da gravidade da situação, seria de se esperar alguma possível revisão de rotas. Infelizmente, não é o que vem acontecendo. Da boca do presidente saem apenas “soluções” simplistas e tentativas de livrar as costas do governo, jogando para os outros a responsabilidade. Os ovos estão 60% mais caros? “Vou fazer uma reunião com os atacadistas”, prometeu Lula. Para o presidente, o mercado, pintado por ele como aquela entidade maligna a serviço de poucos que conspira contra o país, tem sempre culpa no cartório. “Não acreditem nessa bobagem da macroeconomia”, disse ele, a respeito das previsões realistas e preocupantes do mercado sobre as contas do país. Nem o declínio de sua popularidade nas pesquisas parece servir de alerta para a necessidade de mudanças. Ruim para ele, pior para o Brasil. Mais do que nunca, é preciso acordar para a realidade — e escapar das ideias antigas.

Publicado em VEJA de 28 de fevereiro de 2025, edição nº 2933

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