Após antecipar a demissão de Gustavo Bebianno durante a manhã da segunda-feira 18, o vice-presidente Hamilton Mourão voltou a comentar o caso no fim da noite, quando deixava o Planalto após o anúncio oficial do porta-voz da Presidência, o general Otávio do Rêgo Barros. Questionado por jornalistas, o vice-presidente comentou sobre a diferença de tratamento dado por Bolsonaro a Bebianno e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que também foi acusado de irregularidades no patrocínio de candidatos "laranjas", mas que foi poupado pelo governo."Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Então, acho que a questão entre o presidente e o ministro Bebianno tem mais, vamos dizer assim, tem mais problemas do que a questão dos laranjas", disse Mourão.Sem dar mais informações sobre os outros fatores que mencionou, o vice evitou ligar a demissão às pressões dos filhos do presidente, particularmente o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), do Rio, desafeto do ex-ministro desde os tempos de campanha. "Foi uma decisão do presidente e não tem nada a ver com questões familiares", afirmou.Mourão defendeu o presidente Jair Bolsonaro, criticado por ter demorado muito a decidir pela demissão de Bebianno, porrogando a crise pelo fim de semana. "Ele agiu com a cautela necessária", declarou. Em outro momento, mais uma vez elogiou a forma como o presidente conduziu o processo, evitou falar do PSL e elogiou a capacidade do presidente de promover o entendimento com os partidos da base aliada. "O PSL não é meu partido. Não posso emitir opinião sobre algo que não tem nada a ver comigo, apesar de ser do governo e o PSL ser o principal partido da base aliada", declarou Mourão.E acrescentou: "O presidente tem habilidade e capacidade para superar qualquer crise dessa natureza". Questionado se esse problema todo, às vésperas do envio ao Congresso da reforma da Previdência e do pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, o vice-presidente amenizou as consequências dos embates dos últimos dias.Diante da insistência dos repórteres sobre quais seriam esses problemas, Mourão disse não saber e ressaltou que essa "foi uma decisão de foro íntimo" do presidente. Ao ser perguntado se existia algum desgaste anterior entre os dois, emendou: "Não sei, o presidente nunca comentou isso comigo. Então, o que eu julgo é que, como eles se conhecem há algum tempo, talvez já tivessem alguns problemas aí que nunca foram ventilados".(Com Estadão Conteúdo)