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Chefe do Ibama no Pará é exonerado após criticar operações do órgão

Em audiência, superintendente regional criticou ação de fiscais que, em casos excepcionais, incendeiam maquinários de criminosos

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 11 set 2019, 04h16 - Publicado em 10 set 2019, 22h30

Uma semana após assumir o posto de novo superintendente regional do Ibama no Pará, o coronel da Polícia Militar Evandro Cunha dos Santos foi exonerado nesta terça-feira, 10. A demissão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 11.

Na terça, durante audiência pública realizada em Altamira, ao lado do secretário de regularização fundiária do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia, o superintendente regional do Ibama criticou abertamente as operações feitas pelos fiscais do Ibama que, em casos excepcionais, incendeiam maquinários de criminosos.

Evandro Cunha dos Santos disse que é “um homem de Deus e que homem de Deus não gosta de fogo”. O PM afirmou que “quem gosta de fogo é satanás”. E prosseguiu: “Fiquem certos que isso vai cessar. Nós vamos trabalhar diuturnamente para acabar com essa problemática de estarem danificando patrimônio alheio.”

Santos, que chegou ao cargo no dia 2, concluiu dizendo: “Eu sou soldado, sei cumprir ordem. A ordem que recebi foi para parar com isso daí.” As declarações causaram indignação generalizada no Ibama. Diversas superintendências regionais enviaram cartas à sede do órgão, em Brasília, pedindo responsabilização pelas declarações.

A destruição de máquinas pelos agentes do Ibama é uma medida prevista em lei, com regras claras e técnicas sobre sua execução e tomada apenas em casos em que a remoção não se mostra viável ou segura. Os dados do Ibama apontam que a destruição de bens como maquinários e veículos (caminhões, tratores, motobombas, etc.) durante as ações de fiscalização ambiental representa apenas 1,67% dos bens apreendidos.

Há um pedido de abertura de processo enviado da Coordenação-Geral de Fiscalização do Ibama à Diretoria de Proteção Ambiental do órgão, pedindo encaminhamento do processo ao Gabinete da Presidência, à Corregedoria e/ou à Comissão de Ética para ciência e providências.

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“Observa-se total desconhecimento do superintendente sobre a legislação correlata o que, em virtude da exposição pública, acirrou os ânimos e elevou os riscos aos agentes na região de Altamira, repercutindo diretamente nas ações em andamento na região, realizadas em conjunto com o Exército Brasileiro, Polícia Federal, Força Nacional de Segurança Pública e outras instituições, desde o dia 27/08”, declara a coordenação no documento.

A Associação dos Servidores do Meio Ambiente no Pará enviou um ofício Ministério Público Federal (MPF), pedindo a apuração dos fatos.

Regras a agentes de fiscalização

A diretoria do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) em Brasília, impôs regras aos agentes que, em ações de fiscalização, encontrem equipamentos e veículos pesados usados para cometer crimes ambientais, como garimpos clandestinos e extração de madeira ilegal.

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O decreto 6.514/2008, editado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, determina que cabe ao agente do ICMbio – que tem poder de polícia – decidir sobre a necessidade de destruição ou inutilização do que é encontrado.

Esse tipo de medida costuma ser tomada quando a apreensão dos equipamentos é prejudicada por algum motivo, como longas distâncias e riscos de emboscadas durante a tentativa de remoção além dos custos para a retirada.

A direção do ICMBio, no entanto, publicou uma “minuta de memorando circular” no fim de julho determinando aos agentes que antes de qualquer decisão, “obtenham a anuência da Coordenação de Fiscalização do ICMBio”, em Brasília.

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