De olho no eleitorado do PT, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) afirmou, nesta quarta-feira (14), que “todos acreditam” que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará fora das eleições presidenciais de 2018. “Alguns falam com franqueza, outros mentem, mas todos acreditam que ele [Lula] será impedido [pela justiça eleitoral]”, disse o ex-governador.
O ex-presidente foi condenado há 12 anos e um mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), o que deve torná-lo inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Ciro Gomes lamentou a “usina de intrigas” criada entre ele e Lula, na sua visão, por parte da direita e pela própria “burocracia do PT”.
“Há uma ‘intrigalhada’ que está acontecendo que é por dois motivos: o medo de que nos unamos todos para enfrentar isso daí [a agenda neoliberal]. Estaremos todos juntos no segundo turno, que ninguém duvide. O outro é a própria burocracia do PT, que precisa dessa intriga toda para manter o capital político do Lula intacto”, afirmou, emendando que a intenção dos petistas seria fazer “um ‘dedaço’ transmitindo toda essa generosa popularidade merecida para um indicado novo”.
O ex-ministro falou a jornalistas na saída de um encontro com empresários, na sede Câmara Americana de Comércio no Brasil (Amcham Brasil). Ainda sobre o PT, ele disse não ser crítico do partido, mas da “modelagem econômica que foi estabelecida” e da “forma como se facilitou a chegada de quadrilheiros ao poder, a ponto de colocar o Michel Temer na vice-presidência”.
Sobre o cenário eleitoral da esquerda, Ciro Gomes disse estar conversando com “todo mundo” e não julgar ser esse o momento para alianças, fazendo uma metáfora com uma “corrida” de carros. “Mal comparando, é como se cada carro tivesse que entrar no circuito para ajustar suspensão, direção, pneu, para ganhar tempo e estar em uma boa posição no grid de largada. Aí, no grid, é que começa o jogo de equipe.”
Ciro deixou claro não acreditar em união da esquerda já no primeiro turno e disse ter “muito apreço” pela ex-ministra Marina Silva. Ele afastou, entretanto, a possibilidade de que ela componha sua chapa como candidata a vice-presidente. “Como eu posso querer a Marina como vice se ela é maior que eu [nas pesquisas eleitorais]?”
O ex-governador também reconheceu que tem conversas avançadas com o PSB, partido do qual se desfiliou em 2013 por discordar da candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República em 2014. “Estou conversando bastante, conversando amiúde. Olha, é com todo mundo. Todo mundo que você considerar direção do PSB”.
Ele desconversou sobre as negociações para que o PDT apoie a reeleição do atual vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), em troca da aliança nacional com o PSB. “Torço muito por ele. Não sei qual será o caminho do PDT aqui, mas acho que ele fará história em São Paulo”.