André Janones tem um novo concorrente entre os presidenciáveis que, gestados na popularidade na internet, acreditam que vale a pena – e a fama – de se lançar candidato à Presidência da República. O coach Pablo Marçal, cujo maior feito público foi ter se perdido, com 67 alunos, no alto do Pico dos Marins, em Piquete (SP) em janeiro, filiou-se ao PROS, pleiteou aos caciques da legenda o direito de disputar a preferência do eleitor da congestionada terceira via contra João Dória (PSDB), Simone Tebet (MDB) e Sergio Moro (União) e no domingo, 1º, forneceu a primeira amostra do que seria sua campanha ao Palácio do Planalto.
Marçal arrecadou mais de 1 milhão de reais com o evento no qual anunciou ter interesse em disputar a Presidência nas eleições de 2022. Ele cobrou ingressos de cerca de 20 mil pessoas que se dispuseram a desembolsar 50 reais para ouvi-lo, com ares de culto religioso, cantar louvores e discursar sobre os malefícios da classe política. “Nesse país, os traíras, os ladrões e os corruptos voltam a governar, mas aqueles que querem dar a própria vida pela nação são aniquilados”, afirmou. As arquibancadas da Arena Barueri, na região metropolitana de São Paulo, lotaram.
Aos potenciais eleitores mais interessados havia à disposição o que chamou de “Pablo Store”, loja autorreferencial em que vendia canetas, camisetas e livros sobre si mesmo. Com mais de 2 milhões de seguidores apenas em uma rede social, Marçal se apresenta como investidor, empresário, escritor, coach, promoter, palestrante e ex-atendente de call center. No momento, diz, “está político”. As preferências ideológicas? Enéas Carneiro, folclórico político brasileiro, morto em 2007, que repetidamente é retratado como ícone da extrema-direita na história recente do país.
Na primeira eleição que disputou, em 1989, Enéas ficou apenas no sétimo lugar, mas popularizou o bordão “Meu nome é Enéas” ao encerrar a brevíssima participação de 15 segundos a que tinha direito no programa eleitoral. Até o PROS vê a candidatura de Pablo Marçal como um clássico golpe de autopromoção, mas se ele chegar lá será tão breve quanto o ídolo político: terá 17 segundos de TV.